terça-feira, 1 de junho de 2010

Tanga: deu no New York Times

Há mais de uma década especialistas têm alertado sobre os riscos (ambientais e à saúde) e desvantagens comerciais dos transgênicos.

A mídia os classificava como ecochatos e inimigos do progresso. O governo Lula tratorou decisões judiciais e liberou lavouras transgênicas no Brasil.

Agora que até New York Times escancara os efeitos nocivos dos transgênicos, será que os "ecochatos e inimigos do progresso" começarão a ser levados a sério?


Amplo uso de pesticidas leva ao surgimento de "superervas" resistentes

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Pragas tenazes obrigam agricultores a retomar o arado--------------------------------------------------------------------------------


Por WILLIAM NEUMAN
e ANDREW POLLACK
DYERSBURG, Tennessee - Assim como o uso intensivo de antibióticos contribuiu para a ascensão de supergermes resistentes a medicamentos, o uso quase generalizado pelos agricultores americanos do herbicida Roundup levou ao rápido crescimento de novas e tenazes superervas.
O mato resistente ao Roundup também é encontrado em outros países, como Brasil, Austrália e China, segundo pesquisas.
Para combatê-lo, os agricultores são obrigados a borrifar os campos com herbicidas mais tóxicos, arrancar o mato manualmente e voltar a métodos mais trabalhosos, como a aração comum.
"Voltamos ao ponto em que estávamos 20 anos atrás", disse Eddie Anderson, agricultor que vai arar cerca de um terço de seus 1.200 hectares de soja nesta estação, mais do que arou em muitos anos. "Estamos tentando descobrir o que funciona."
Especialistas dizem que esses esforços poderão causar um aumento do preço dos alimentos, menor produtividade das colheitas, crescentes custos agrícolas e mais poluição da terra e da água. "É a maior ameaça isolada à produção agrícola que já vimos", disse Andrew Wargo 3?, presidente da Associação de Distritos de Conservação do Arkansas.
A primeira espécie resistente que representou ameaça séria à agricultura foi localizada em um campo de soja no Estado de Delaware em 2000. Desde então, o problema se disseminou, com dez espécies resistentes em pelo menos 22 Estados infestando principalmente campos de soja, algodão e milho.
As superervas podem diminuir o entusiasmo da agricultura americana por algumas colheitas geneticamente modificadas. A soja, o milho e o algodão que são manipulados para sobreviver ao borrifamento com Roundup tornaram-se padrão nos campos dos EUA. No entanto, se o Roundup não matar as ervas daninhas, os agricultores terão pouco incentivo para investir em sementes especiais.
O Roundup -fabricado pela Monsanto mas hoje também vendido por outras empresas sob o nome genérico de glifosato- elimina um amplo espectro de ervas daninhas, é fácil e seguro de trabalhar e se decompõe rapidamente.
Hoje as plantações com sementes Roundup Ready representam cerca de 90% da soja e 70% do milho e do algodão plantados nos EUA. Mas os agricultores já borrifaram tanto Roundup que o mato evoluiu rapidamente para sobreviver a ele.
Anderson está lutando com uma espécie de erva particularmente resistente ao glifosato, chamada Palmer amaranth, ou "erva-porco" na denominação local. Na tentativa de matar a praga, Anderson e seus vizinhos estão arando seus campos e misturando herbicidas ao solo.
Isso ameaça reverter um dos avanços agrícolas promovidos pela revolução do Roundup: a agricultura com aração mínima. Ao combinar Roundup com colheitas Roundup Ready, os fazendeiros não precisavam arar abaixo das ervas para controlá-las. Isso reduzia erosão, vazamento de produtos químicos para cursos de água e gasto excessivo de combustível nos tratores.
Se a aração frequente se tornar novamente necessária, será "uma grande preocupação para nosso meio ambiente", disse Ken Smith, cientista de ervas daninhas da Universidade do Arkansas.
Além disso, críticos de colheitas geneticamente modificadas dizem que o uso de mais herbicidas contesta as alegações da indústria de biotecnologia, de que suas colheitas seriam melhores ao meio ambiente. "A indústria está nos levando a uma agricultura mais dependente de pesticidas, e precisamos ir na direção oposta", disse Bill Freese, analista do Centro para Segurança Alimentar, em Washington.
A Monsanto, que antes afirmava que a resistência não seria um problema maior, hoje adverte contra se exagerar em seu impacto. Rick Cole, que administra o tema nos EUA para a empresa, disse: "É uma questão séria, mas administrável".


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