segunda-feira, 21 de junho de 2010
Retrato de uma era
O período em que Dunga defendeu a seleção brasileira de futebol como jogador ficou conhecido como "a era Dunga". Tendo Dunga como símbolo, a seleção conquistou a Copa de 1994 apresentando um futebol feio e burocrático. Era o chamado futebol de resultados, defendido ferrenhamente por outro Dunga, o treinador Carlos Alberto Parreira.
A nomeação de Dunga como técnico da esquadra canarinho demonstrou que a "era Dunga" tem um significado e uma abrangência muito maior do que se poderia supor. O ex-jogador chegou ao comando de uma das principais seleções de futebol do mundo sem nunca ter treinado qualquer outra equipe. No chamado "país do futebol", vários técnicos experientes foram preteridos em favor do iniciante.
E o que credenciou Dunga para o cargo? O que credencia qualquer liderança no universo corporativo. Profissional mediano - como jogador e como técnico -, Dunga chegou ao topo apenas por oferecer fidelidade canina a quem o colocou no cargo - como fez Parreira desde os tempos da ditadura militar.
Com poder e prestígio, Dunga tornou-se o ícone da era que representa. A era da mediocridade, da falta de ética, da subserviência e da tolerância bovina.
Hoje há um Dunga em cada departamento, em cada repartição.
O importante é ganhar jogando feio. Afinal, o jogo já foi perdido há muito tempo.
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