quinta-feira, 24 de junho de 2010

A insustentável leveza do ser - Péricles Maranhão


O desenhista Péricles Maranhão nasceu em 1924, no Recife.

Aos 17 anos foi para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar nos Diários Associados, então a maior rede de comunicação do país.

Em 1943, Péricles criou um dos personagens mais populares da história dos quadrinhos de Pindorama: o Amigo da Onça, publicado na revista O Cruzeiro.

O personagem foi desenhado por Péricles durante quase 20 anos, sendo um dos principais atrativos da revista.

Na noite de 31 de dezembro de 1961, Péricles se suicidou. Vedou todas as portas do apartamento e soltou o gás. Tinha 37 anos.

Deixou um bilhete no qual reclamava da solidão. No lado de fora da porta colou outro, síntese do humor irônico de seu personagem mais popular:
Não risquem fósforos!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Retrato de uma era


O período em que Dunga defendeu a seleção brasileira de futebol como jogador ficou conhecido como "a era Dunga". Tendo Dunga como símbolo, a seleção conquistou a Copa de 1994 apresentando um futebol feio e burocrático. Era o chamado futebol de resultados, defendido ferrenhamente por outro Dunga, o treinador Carlos Alberto Parreira.

A nomeação de Dunga como técnico da esquadra canarinho demonstrou que a "era Dunga" tem um significado e uma abrangência muito maior do que se poderia supor. O ex-jogador chegou ao comando de uma das principais seleções de futebol do mundo sem nunca ter treinado qualquer outra equipe. No chamado "país do futebol", vários técnicos experientes foram preteridos em favor do iniciante.

E o que credenciou Dunga para o cargo? O que credencia qualquer liderança no universo corporativo. Profissional mediano - como jogador e como técnico -, Dunga chegou ao topo apenas por oferecer fidelidade canina a quem o colocou no cargo - como fez Parreira desde os tempos da ditadura militar.

Com poder e prestígio, Dunga tornou-se o ícone da era que representa. A era da mediocridade, da falta de ética, da subserviência e da tolerância bovina.

Hoje há um Dunga em cada departamento, em cada repartição.
O importante é ganhar jogando feio. Afinal, o jogo já foi perdido há muito tempo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Grandes malucos beleza: Leon Eliachar


"Nasci no Cairo, fui criado no Rio; sou, portanto, "cairoca". Tenho cabelos castanhos, cada vez menos castanhos e menos cabelos. Um metro e 71 de altura, 64 de peso, 84 de tórax (respirando, 91), 70 de cintura e 6,5 de barriga.

Em 1492, Colombo descobriu a América; em 1922, a América me descobriu. Sou brasileiro desde que cheguei (aos 10 meses de idade), mas oficialmente, há uns dois anos; passei 35 anos tratando da naturalização. Minha carreira de criança começou quando quebrei a cabeça, aos dois anos de idade; minha carreira de adulto, quando comecei a fazer humorismo (passei a quebrar a cabeça diariamente). Tive vários empregos: ajudante de balcão, ajudante de escritório, ajudante de diretor de cinema, ajudante de diretor de revista, ajudante de diretor de jornal. Um dia resolvi ajudar a mim mesmo sem a humilhação de ingressar na Política: comecei a fazer gracinhas — fora da Câmara. Nunca me dei melhor. Meu maior sonho é ter uma casa de campo com piscina, um iate, um apartamento duplex, um corpo de secretárias, um helicóptero, uma conta no banco, uma praia particular e um "short". Por enquanto já tenho o "short".

Sou a favor do divórcio, a favor do desquite e a favor do casamento. Sem ser a favor deste último não poderia ser dos primeiros. Sou contra o jogo, o roubo, a corrupção e o golpe; se eu fosse candidato isso não deixaria de ser um grande golpe.

O que mais adoro: escrever cartas. O que mais detesto: pô-las no Correio. Minha cor preferida é a morena, algumas vezes a loura. Meu prato predileto é o prato fundo. O que mais aprecio nos homens: suas mulheres — e nas mulheres, as próprias. Acho a pena de morte uma pena.

Não sou superticioso, mas por via das dúvidas, evito o "s" depois do "r" nessa palavra. Se não fosse o que sou, gostaria de ser humorista. Trabalho 20 horas por dia, mas, felizmente, só uma vez por semana; nos outros dias, passo o tempo recusando propostas — inclusive de casamento. Acho que a mulher ideal é a que gosta da gente como a gente gostaria que ela gostasse — isso se a gente gostasse dela. Para a mulher, o homem ideal é o que quer casar. Mas deixa de ser ideal logo depois do casamento, quando o ideal seria que não deixasse. Mas isso não impede que eu seja, algum dia, um homem ideal."

Fonte: “O Homem ao Quadrado”, Livraria Francisco Alves/Editora Paulo de Azevedo Ltda., Rio de Janeiro, 1960.

Leon Eliachar foi assassinado na cidade do Rio de Janeiro, em 29 de maio de 1987. Segundo o noticiário da época, a mando de um rico fazendeiro paranaense com cuja esposa o autor vinha mantendo um romance.

Releituras.com

Neander


Um homem admirável


Saramago foi um escritor brilhante, mas sobretudo um homem admirável. Foi coerente durante toda a vida. Manteve sempre acesa a chama da utopia e colocou seu prestígio - e suas ideias - a serviço das causas mais importantes.

Fará muita falta.

Pensar, pensar
José Saramago

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

"O mundo ficou mais burro e cego". Fernando Meireles, sobre a morte de Saramago.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Welton

Em 1998, após uma temporada no Japão, trabalhava em uma assessoria de imprensa e era responsável, entre outros clientes, por uma ong de defesa do consumidor.
Além de oferecer boas pautas aos colegas do outro lado do balcão, o bom assessor deve ter sempre no bolso do colete bons personagens para ter mais chances de emplacar na mídia.

Nem sempre é fácil. E o pior é quando a pauta parte de lá para cá. Já recebi pedidos de personagens tão elaborados que poderiam fazer parte de um romance de Garcia Marquez.

Não foi o que aconteceu naquela tarde de sábado, quando almoçava na casa dos meus sogros. O programa Mais Você, de Ana Maria Braga, havia estreado há poucas semanas e a produtora, que tinha recebido um release meu sobre direitos dos usuários de planos de saúde, resolveu inventar uma pauta mais, digamos, divertida. A moça queria falar sobre cidadãos que sempre reivindicavam seus direitos, independentemente do valor em questão.

Tranquilo, pensei. Na segunda faço um pente fino no meu banco de personagens e encontro alguém. Quando comentei sobre a solicitação com a Isa, minha companheira na época, ela disparou:
- Pô, porque você não coloca o meu pai?!! Ele é exatamente assim.
Welton, meu sogro, era um tremendo boa praça e topou na hora. A entrevista foi gravada na casa dele pelo então repórter Evaristo Costa, hoje apresentador do Jornal Hoje.

Não acompanhei a gravação, mas no final Welton me ligou dizendo que a entrevista havia sido longa, e que tinha ficado ótima.

A matéria foi ao ar alguns dias depois e, em pouco tempo, veio a primeira surpresa. Welton, um mineiro-carioca que vivia em São Paulo há muitos anos, recebeu telefonemas de vários parentes que não via há muito tempo. Os colegas de trabalho comentaram. Meu sogro adorou, mas fez um reparo:
- Eles erraram o meu nome, porra. Colocaram Elton!

Além de ilustrar uma reportagem sobre pessoas que reclamam de tudo, Welton era advogado e não podia deixar de pedir uma retificação. Foi o que fez. Ligou para a produção do programa e comunicou o erro.

No dia seguinte, veio a segunda surpresa. A loira abriu o programa com a imagem do Welton congelada na tela.
- Vocês lembram daquele Sr. da matéria de ontem, que reclama de tudo? Pois é, ele reclamou de novo porque nós erramos o nome dele. Desculpa, seu Welton!
Todos os parentes que não haviam telefonado para o Welton no dia anterior o fizeram naquele dia – a audiência da Globo é inacreditável. Meu sogro ficou muito feliz. E eu também.

Algum tempo depois eu e a Isa nos separemos. Ontem, depois de alguns anos sem notícias dela, soube que Welton morreu em 2008. Desde então, tenho pensado muito nele, e em alguns momentos bacanas que vivemos juntos.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Boa Música Brasileira: Chicas



Gonzaguinha viajou antes do combinado, mas seu talento tem se mostrado hereditário. Além do filho Daniel, o cantor ofereceu à MPB duas filhas talentosas: Fernanda Gonzaga e Amora Pêra, que fazem parte do grupo Chicas.

O repertório das Chicas inclui músicas de Gonzaguinha e de outras feras, como Arnaldo Antunes, Lenine e Gil. As moças também interpretam composições próprias.

Aperitivos:
Baião de rua
Geraldinos e Arquibaldos
Me deixa
Espumas ao vento
Namorar

A insustentável leveza do ser - Monteiro Lobato



Monteiro Lobato é conhecido por sua mais genial criação, o Sítio do Picapau Amarelo, que encanta crianças e adultos há várias gerações. Mas além de grande mestre da literatura infantil, Lobato foi um dos maiores "malucos beleza" de Pindorama.

Nasceu José Renato, em 18 de abril de 1882. Porém, por conta das iniciais J.B.M.L. gravada em uma bengala do pai, mudou seu nome para José Bento.

Formou-se em direito e chegou a ser promotor, mas em 1911 herdou a fazenda do avô e tornou-se fazendeiro. As geadas e a falta de mão-de-obra qualificada - escreveu Jeca Tatu neste período - o levaram a vender a propriedade.

Montou uma editora e revolucionou o mercado editorial do país. Escreveu Urupês, O presidente negro e O escândalo do petróleo, entre outras obras voltadas ao público adulto.

Em 1927 foi nomeado adido comercial nos Estados Unidos. Voltou de lá disposto a explorar ferro e petróleo - quase faliu - e montar uma fábrica de chicletes - novidade que o encantou.

Foi preso por criticar o "militarismo federal" do governo Vargas.

Defendeu a reforma agrária.


No dia 21 de abril de 1948 Monteiro Lobato sofreu um espasmo vascular cerebral. Permaneceu em coma durante duas horas e meia, até que recobrou a consciência. De acordo com seu médico, Antônio Branco Lefèvre, do episódio "não resultou qualquer paralisia ou distúrbio de consciência, apenas uma agrafia bastante nítida".
As letras se transformaram em traços sem qualquer sentido simbólico. Lobato não conseguia ler ou escrever uma palavra sequer.


Monteiro Lobato faleceu dois meses e meio depois, no dia 4 de julho. De acordo com seu médico,que já o encontrou sem vida, o escritor tinha uma "uma estranha expressão de serenidade na face".

Ótima biografia sobre Lobato: Furacão na Botocúndia

Última entrevista concedida por Lobato

segunda-feira, 14 de junho de 2010

"O Abraço Corporativo" retrata a imprensa na era da ejaculação precoce


Estréia na próxima sexta, 18/06, o documentário “O Abraço Corporativo”, do jornalista Ricardo Kauffman. O filme acompanha a trajetória real de um consultor de RH fictício, chamado Ary Itnem, em busca de divulgação da Teoria do Abraço. Tal Teoria é a solução para uma doença enfrentada pelas empresas chamada inércia do afastamento – um mal causado pelo uso excessivo das novas tecnologias.

O filme mostra o personagem – encarnado pelo ator Leonardo Camillo – e sua teoria também inventada em contato com emissoras de TV, rádio, jornais, revistas e portais da Internet.

Ary virou hit na web quando foi à avenida Paulista pedir abraços grátis. Seu vídeo alcançou a marca de 650 mil views e foi parar na home page de grandes portais.

“O documentário mostra e discute um dilema do jornalismo da era pré-digital em todo o mundo: o que fazer com tanto espaço para informação e capacidade técnica para publicar notícias assim que acontecem ou se anunciam”, diz Kauffman.

“O Abraço Corporativo” mistura a trajetória de Ary com depoimentos diversos sobre como se faz notícia hoje. Juca Kfouri, Eugênio Bucci, Contardo Calligaris, Bob Fernandes e o ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo são alguns dos entrevistados.


Veja o trailer

Aliança Lula-Sarney é abominável


O feitiço de Sarney

Por leandro Fortes

O Maranhão é o quarto secreto onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esconde, como Dorian Gray, uma resistente decrepitude moral de seu governo. Assim como o personagem da obra de Oscar Wilde, Lula se mantém jovial e brilhante para o Brasil e o mundo, cheio de uma alegria matinal tão típica dos vencedores, enquanto se degenera e se desmoraliza no retrato escondido do Maranhão, o mais pobre, miserável e desafortunado estado brasileiro. Na terra dominada por José Sarney, Lula, o anunciado líder mundial dos novos tempos, parece ser vítima do feitiço do atraso.

Dessa forma, em nome de uma aliança política seminal com o PMDB, muito anterior a esta que levou Michel Temer a ser candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, Lula entregou seis milhões de almas maranhenses a Sarney e sua abominável oligarquia, ali instalada há 45 anos. Uma história cujo resultado funesto é esta sublime humilhação pública do PT local, colocado de joelhos, por ordem da direção nacional do partido, ante a candidatura de Roseana Sarney ao governo do estado, depois ter decidido apoiar o deputado Flávio Dino, do PCdoB, durante uma convenção estadual partidária legal e legítima, por meio de votação aberta e democrática.

Esse Lula genial, astuto e generoso, capaz de, ao mesmo tempo, comandar a travessia nacional para o desenvolvimento e atravessar o mundo para evitar uma guerra nuclear no Irã, não existe no Maranhão. Lá, Lula é uma sombra dos Sarney, mais um de seus empregados mantidos pelo erário, cuja permissão para entrar ou sair se dá nos mesmos termos aplicados à criadagem das mansões do clã em São Luís e na ilha de Curupu – isso mesmo, uma ilha inteira que pertence a eles, como de resto, tudo o mais no Maranhão.

Lula, o mais poderoso presidente da República desde Getúlio Vargas, foi impedido sistematicamente de ir ao estado no curto período em que a família Sarney esteve fora do poder, no final do mandato de Reinaldo Tavares (quando este se tornou adversário de José Sarney) e nos primeiros anos de mandato de Jackson Lago, providencialmente cassado pelo TSE, em 2009, para que Roseana Sarney reocupasse o trono no Palácio dos Leões. Só então, coberto de vergonha, Lula pôde aterrissar no estado e se deixar ver pelo povo, ainda escravizado, do Maranhão. Uma visita rápida e desconfortável ao retrato onde, ao contrário de seu reflexo mundo afora, ele se vê um homem grotesco, coberto de pústulas morais – amigo dos Sarney, enfim. Logo ele, Lula, cujo governo, a história e as intenções são a antítese das corruptas oligarquias políticas nacionais.

Lula, apesar de tudo, caminha para o fim de seus mandatos sem ter percebido a dimensão da imensa nódoa que será José Sarney, essa figura sinistramente malévola, no seu currículo, na sua vida. Toda vez que se voltar para o mapa do país que tanto vai lhe dever, haverá de sentir um desgosto profundo ao vislumbrar a mancha difusa do Maranhão, um naco de terra esquecido de onde, nos últimos 20 anos, milhares de cidadãos migraram para outros estados, fugitivos da fome, do desemprego, da escravidão, da falta de terra, de dignidade e de esperança. Fugitivos dos Sarney, de suas perseguições mesquinhas, de sua megalomania financiada pelos cofres públicos e de seu cruel aparelhamento policial e judiciário, fonte inesgotável de repressão e arbitrariedades.

Contra tudo isso, o deputado Domingos Dutra, um dos fundadores do PT maranhense, entrou em greve de fome no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Seria só mais um maranhense a ser jogado na fome por culpa da família Sarney, não fosse a grandeza que está por trás do gesto. Dutra, filho de lavradores pobres do Maranhão, criou-se politicamente na luta permanente contra José Sarney e seus apaniguados. Em três décadas de pau puro, enfrentou a fúria do clã e por ele foi perseguido implacavelmente, como todos da oposição maranhense, sem entregar os pontos nem fazer concessões ao grupo político diretamente responsável pela miséria de um povo inteiro. Dutra só não esperava, nessa quadra da vida, aos 54 anos de idade, ter que lutar contra o PT.

Assim, Lula pode até se esquivar de olhar para o retrato decrépito escondido no quarto secreto do Maranhão, mas em algum momento terá que enfrentar o desmazelo da figura serena e esquálida do deputado Domingos Dutra a lembrá-lo, bem ali, no Congresso Nacional, que a glória de um homem público depende, basicamente, de seus pequenos atos de coragem.

Comentário: o texto é um alento.
Desde que Lula se tornou presidente, boa parte daqueles que, como eu, militou durante anos na esperança de que o PT pudesse oferecer uma alternativa à política indecente que imperava no país passou a reagir agressivamente a qualquer tipo de crítica dirigida ao sacrossanto Lula.

Os avanços obtidos nos últimos anos são inegáveis. Mas tais avanços não podem ser justificados por meio de aberrações como o toma-lá-dá-cá com Sarneys, Renans, Jucás e outros tantos.

O "jeito de fazer política" do PT tornou-se insalubre como o dos demais. Os pragmáticos insistem que não há outro jeito. Se não houver, que não se faça. Pragmatismo demais é sinônimo de canalhice.

Criadora e criatura: "bispa" Sonia e "bispa" Kaká



A ignorância e a desesperança são um campo fértil para embusteiros de todas as espécies. Representantes do Todo Poderoso e gurus da autoajuda nadam de braçada, e constroem impérios com uma velocidade espantosa.

Considerando as, digamos, necessidades espirituais do homem contemporâneo, um jovem casal promete monopolizar as atenções dos fiéis nos próximos anos: o jogador Kaká e sua esposa, a "bispa" Caroline Celico.

O casal tem como madrinha espiritual da exótica "bispa" Sonia Hernandez, que juntamente com seu marido, também "bispo", passou uma temporada em cana nos Estados Unidos após ser flagrada com uma dinheirama dentro da bíblia - em nome de Jesus, aleluia.

Kaká já declarou que se tornará "pastor" assim que deixar os gramados. Caroline - na foto acima em companhia da madrinha - demonstra, no olhar, ter a obstinação necessária para mover montanhas e andar sobre as águas.

Kaká é um dos jogadores mais bem pagos do mundo. Caroline nasceu em berço explêndido. Nenhum dos dois precisaria da grana das sacolinhas para viver.

Como cético, tenho que admitir que há mais mistérios do que pode supor a nossa vã filosofia.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A insustentável leveza do ser - Castro Alves


Autor de "Espumas Flutuantes" e "O Navio Negreiro", entre outros, escritor Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 1847 na cidade de Curralinho, Bahia.

Dedicou sua obra ao combate à escravidão.

Aos 16 anos, ingressou na faculdade de direito em Recife.

Ainda com 16 anos, contraiu tuberculose.

Aos 20 anos apaixonou-se pela atriz portuguesa Eugênia Câmara, dez anos mais velha, de quem tornou-se amante.

De passagem pelo Rio de Janeiro com Eugênia, conheceu Machado de Assis e José de Alencar, que o introduziram nos meios literários.

Em 1868, durante uma caçada, dispara contra o próprio pé, que precisa ser amputado.

Mutilado e abandonado por Eugênia, morreu aos 24 anos devido ao agravamento da tuberculose.

As prioridades do prefeito do Demo


Gilberto do Demo gosta de pesquisas. Quando herdou a cadeira de Serra - que jurou que não renunciaria ao mandato para concorrer ao governo, mas mijou para trás -, Gilberto do Demo foi informado sobre o número de paulistanos vivendo em favelas: na época, quase 2 milhões. O prefeito da maior cidade do país descobriu que, no seu reino, 1 em cada 6 súditos vivia em barracos.

Que medidas Gilberto do Demo tomou? Criou o programa Cidade Limpa, promovendo a retirada das placas que enfeiavam a Desvairada.

Há alguns dias o prefeito do Demo divulgou novos números. Mais de 13 mil paulistanos têm as ruas como lar. Associações juram que são mais de 18 mil.
Além de viverem na total indigência, muitas dessas pessoas são reféns do crack. Tornaram-se verdadeiros zumbis, sobretudo na região central da capital.

Certamente comovido com a degradação do centro do seu reino, Gilberto do Demo acaba de anunciar novas medidas: investirá R$ 1,32 mi na limpeza e pintura dos 92 pilares que sustentam o minhocão - que ele já disse querer derrubar. Os pilares receberão tinta antipichação.

Talvez o prefeito do Demo queira oferecer um ambiente melhor para os moradores de rua. Ou será que Gilberto do Demo imagina que, com o minhocão arrumadinho, os desabrigados se sentirão deslocados e partirão em busca de outros refúgios menos visíveis?

Aldo, um canalha a serviço do agronegócio

O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B) apresentou proposta de alterações no Código Florestal Brasileiro. De acordo com ONGs ambientalistas e organizações sociais camponesas, com a aprovação do novo código o agronegócio consolidará áreas já desmatadas em reservas legais e áreas de proteção permanente (APPs). Assim, ficarão perdoados grandes produtores rurais que cometeram infrações ambientais.

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Empresas investem nos patos do futuro



Como pai separado, por mais que procure me fazer presente, fico meio vendido em relação a algumas questões relacionadas ao dia a dia de minha filha.

Dia desses soube de um "passeio" que a Camila fez com seus colegas - alunos da segunda série do ensino fundamental. Em uma linda tarde de sol, visitaram a indústria de papel Melhoramentos.

De modo geral, os "passeios" são "oferecidos" pela escola meio na base da chantagem: os alunos que não participam devem ficar em casa, pois no dia dos "passeios" não há aulas - e ninguém para cuidar dos dissidentes. Ou seja: os pais que se virem, ou banquem o tal "passeio".

O "passeio" à Melhoramentos foi vendido, descobri depois, como uma oportunidade das crianças conhecerem o processo de produção do papel. A atividade foi oferecida à escola pela própria empresa.

De cara achei a coisa esquisita e não demorou muito para que eu pudesse confirmar minhas suspeitas.

- Camila, como foi a visita à Melhoramentos?

Monossilábica como o pai, ela costuma responder perguntas do gênero apenas com um "legal". Não foi o caso.

- Legal papai. A gente só deve comprar papel da Melhoramentos. Eles cortam árvores mas plantam muito mais.

Não posso alegar ignorância. Sei que há uns bons anos o MKT das empresas investe fortemente no público definido como "pequeno consumidor". Mas a coisa se torna muito mais bizarra quando o seu filho se torna o pato da vez - ou o pato do futuro, como preferirem.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Terroristas israelenses planejam novo ataque contra Rachel Corrie


Rachel Corrie foi uma ativista do Movimento de Solidariedade Internacional. Morreu aos 23 anos, em 2003, esmagada por uma retroescavadeira comandada por soldados do exército israelense.

Rachel Corrie foi morta quando tentava impedir que casas palestinas fossem demolidas em Rafah, na Faixa de Gaza.


Hoje, um barco irlandês que leva o seu nome segue para Gaza, numa tentativa de furar o hediondo bloqueio imposto pelo estado terrorista de israel. O Rachel Corrie leva medicamentos, cimento e material escolar.

Os assassinos israelenses, que no último dia 31 mataram covardemente nove ativistas que tentavam chegar a Gaza, já anunciaram que interceptarão o barco.
O mundo assistirá, impassível, o novo massacre de Rachel Corrie?

Memorial Rachel Corrie

500 famílias perdem suas casas todos os dias



Desde 2008, 350 mil famílias perderam suas casas por não conseguir pagar a hipoteca. Todos os dias, 500 famílias são despejadas.

Tudo isso ocorre na Espanha, e é fruto da bolha imobiliária criada pelos bancos.


Leia a íntegra: El País

terça-feira, 1 de junho de 2010

Mais um "ataque preventivo" do Estado Terrorista de Israel



O que vai acontecer? O mesmo que acontece desde 1948. Absolutamente nada. Afinal, ao povo escolhido por deus, tudo. Aos demais, a ONU e os mísseis.

Texto de Robert Fisk sobre o novo atentado cometido por Israel:
"Alguma coisa mudou no Oriente Médio, nas últimas 24 horas – e os israelenses, se se considera a resposta política extraordinariamente estúpida, pós-matança, não dão qualquer sinal de ter percebido a mudança. O que mudou é que o mundo, afinal, cansou-se das matanças israelenses. Só os políticos não têm o que dizer, hoje. Só os políticos estão calados."

Perfídia na Fiesp: Presidente socialista é chamuscado por fogo amigo

Há algumas semanas o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro. Será candidato ao governo de São Paulo.

A aberração não causou estranheza e foi divulgada com naturalidade pela mídia.

A primeira manifestação de indignação contra a burlesca candidatura surgiu ontem e pode ser classificada como fogo amigo. Em artigo intitulado "Perfídia na Fiesp", publicado ontem no jornal da família Frias, José Henrique Nunes Barreto, diretor da Fiesp e presidente do Sindifumo (Sindicato da Indústria do Fumo do Estado de São Paulo)foi direto ao ponto:
"trata-se de um contrassenso: o comandante de uma agremiação que prega a livre iniciativa se coloca como candidato do Partido Socialista Brasileiro".

Particularmente, acho que o homem do fumo jogou suas palavras ao vento. A essa altura, os leitores devem estar apenas se perguntando: mas perfídia é crime eleitoral?

Íntegra do artigo

Tanga: deu no New York Times

Há mais de uma década especialistas têm alertado sobre os riscos (ambientais e à saúde) e desvantagens comerciais dos transgênicos.

A mídia os classificava como ecochatos e inimigos do progresso. O governo Lula tratorou decisões judiciais e liberou lavouras transgênicas no Brasil.

Agora que até New York Times escancara os efeitos nocivos dos transgênicos, será que os "ecochatos e inimigos do progresso" começarão a ser levados a sério?


Amplo uso de pesticidas leva ao surgimento de "superervas" resistentes

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Pragas tenazes obrigam agricultores a retomar o arado--------------------------------------------------------------------------------


Por WILLIAM NEUMAN
e ANDREW POLLACK
DYERSBURG, Tennessee - Assim como o uso intensivo de antibióticos contribuiu para a ascensão de supergermes resistentes a medicamentos, o uso quase generalizado pelos agricultores americanos do herbicida Roundup levou ao rápido crescimento de novas e tenazes superervas.
O mato resistente ao Roundup também é encontrado em outros países, como Brasil, Austrália e China, segundo pesquisas.
Para combatê-lo, os agricultores são obrigados a borrifar os campos com herbicidas mais tóxicos, arrancar o mato manualmente e voltar a métodos mais trabalhosos, como a aração comum.
"Voltamos ao ponto em que estávamos 20 anos atrás", disse Eddie Anderson, agricultor que vai arar cerca de um terço de seus 1.200 hectares de soja nesta estação, mais do que arou em muitos anos. "Estamos tentando descobrir o que funciona."
Especialistas dizem que esses esforços poderão causar um aumento do preço dos alimentos, menor produtividade das colheitas, crescentes custos agrícolas e mais poluição da terra e da água. "É a maior ameaça isolada à produção agrícola que já vimos", disse Andrew Wargo 3?, presidente da Associação de Distritos de Conservação do Arkansas.
A primeira espécie resistente que representou ameaça séria à agricultura foi localizada em um campo de soja no Estado de Delaware em 2000. Desde então, o problema se disseminou, com dez espécies resistentes em pelo menos 22 Estados infestando principalmente campos de soja, algodão e milho.
As superervas podem diminuir o entusiasmo da agricultura americana por algumas colheitas geneticamente modificadas. A soja, o milho e o algodão que são manipulados para sobreviver ao borrifamento com Roundup tornaram-se padrão nos campos dos EUA. No entanto, se o Roundup não matar as ervas daninhas, os agricultores terão pouco incentivo para investir em sementes especiais.
O Roundup -fabricado pela Monsanto mas hoje também vendido por outras empresas sob o nome genérico de glifosato- elimina um amplo espectro de ervas daninhas, é fácil e seguro de trabalhar e se decompõe rapidamente.
Hoje as plantações com sementes Roundup Ready representam cerca de 90% da soja e 70% do milho e do algodão plantados nos EUA. Mas os agricultores já borrifaram tanto Roundup que o mato evoluiu rapidamente para sobreviver a ele.
Anderson está lutando com uma espécie de erva particularmente resistente ao glifosato, chamada Palmer amaranth, ou "erva-porco" na denominação local. Na tentativa de matar a praga, Anderson e seus vizinhos estão arando seus campos e misturando herbicidas ao solo.
Isso ameaça reverter um dos avanços agrícolas promovidos pela revolução do Roundup: a agricultura com aração mínima. Ao combinar Roundup com colheitas Roundup Ready, os fazendeiros não precisavam arar abaixo das ervas para controlá-las. Isso reduzia erosão, vazamento de produtos químicos para cursos de água e gasto excessivo de combustível nos tratores.
Se a aração frequente se tornar novamente necessária, será "uma grande preocupação para nosso meio ambiente", disse Ken Smith, cientista de ervas daninhas da Universidade do Arkansas.
Além disso, críticos de colheitas geneticamente modificadas dizem que o uso de mais herbicidas contesta as alegações da indústria de biotecnologia, de que suas colheitas seriam melhores ao meio ambiente. "A indústria está nos levando a uma agricultura mais dependente de pesticidas, e precisamos ir na direção oposta", disse Bill Freese, analista do Centro para Segurança Alimentar, em Washington.
A Monsanto, que antes afirmava que a resistência não seria um problema maior, hoje adverte contra se exagerar em seu impacto. Rick Cole, que administra o tema nos EUA para a empresa, disse: "É uma questão séria, mas administrável".


Fonte