terça-feira, 30 de março de 2010

Um jeito diferente de fazer política


O deputado Barreto Pinto queria ser conhecido em todo o país. Para isso, posou de casaca e cuecas para Jean Manzon, da revista "O Cruzeiro". A foto serviu de pretexto para sua cassação, em 1949.


Em 1987, Cicciolina foi eleita para o parlamento italiano.



Virtual candidata ao Governo de São Paulo, Soninha Francine trocou a sub-prefeitura da Lapa, onde não disse a que veio, pelas páginas de uma revista de peladas. Afilhada de Serra e Kassab, Soninha sempre disse que tem um jeito diferente de fazer política. Como diziam nos bailes de carnaval, fecha na Prochaska!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Perfeita imperfeição



Chico e Caetano

Conversa fiada ou lobo em pele de cordeiro

Mais uma do sacrossanto jornalista PHA - da turma dos que desancam a Globo após anos de serviços prestados enquanto marcham sob a batuta do "bispo" Macedo. O histriônico jornalista acaba de postar em seu blog a seguinte campanha: Nordestino de São Paulo: transfira o título. Saiba como e se livre dos coronéis tucanos.

Acho que PHA levou a sério a pesquisa daqueles que ele chama de PIG, que mostrou o picolé de xuxu disparado na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes e um crescimento de Nosferatu na disputa presidencial.

Deve ter batido um certo desespero. Medo de perder alguma tetinha.

Nauseante.

Não aguento mais a mediocridade da política e das relações humanas em geral. Estou de saco cheio de tucanos, petistas, verdes, hipócritas, cagadores de regras, gente que se diz contra o pensamento único sendo a síntese do pensamento único, racistas travestidos de defensores dos direitos humanos, "amigos" da "geração Y" e fazedores de network de modo geral.


"..Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais..."

sexta-feira, 26 de março de 2010

DVD: A Pele, com Marcello Mastroianni


A estupidez humana é a única coisa ilimitada no mundo. A frase, dita pelo oficial italiano interpretado por Marcello Mastroianni, é a síntese deste filme de 1981 - lançado em dvd em Pindorama somente em 2009.

"A Pele" retrata a chegada das tropas americanas à Sicília no final da Segunda Guerra. Os alemães já bateram em retirada, mas a região está mergulhada na mais absoluta miséria. Enquanto oficiais americanos e italianos negociam em mesas de banquete os dividendos do pós-guerra, a população mergulha nas profundezas da degradação humana.

A Pele/La Pelle

De Liliana Cavani, Itália-França, 1981.

Com Marcello Mastroianni, Burt Lancaster, Alexandra King, Ken Marshall, Carlo Giuffrè, Claudia Cardinale, Liliana Tari


Algumas cenas do filme:
O capitão Malaparte apresenta Napoles ao soldado americado
Tanque americano chega em Roma

quinta-feira, 25 de março de 2010

Porviroscópio: Beira Mar é o novo governador do DF

Brasília, 2014

O empresário Fernando Beira Mar é o novo governador do Distrito Federal. Beira Mar, que deixou um presídio de segurança máxima dias antes do pleito - beneficiado pelo Supremo -, recebeu apenas 171 votos a mais que o segundo colocado, o ambientalista Daniel Dantas. O vice de Beira Mar, Joaquim Roriz, declarou que abriu mão da reeleição por acreditar que o novo companheiro de partido tinha maior poder de articulação e o apoio de Lula, Sarney e Edir Macedo.

Comentário: em 2010, Roriz, que renunciou ao mandato ao ser apanhado em falcatruas, lidera as pesquisas para voltar ao governo do DF.

O melhor de Roriz:

segunda-feira, 22 de março de 2010

Os pais dos pobres



Nunca gostei do Getúlio e desde 2003 deixei de gostar do Lula. Todavia, acho curiosa a comparação recorrente entre os "pais dos pobres" e tendo a considerar que o metalúrgico leva vantagem sobre o advogado-pecuarista. Grosso modo:

Getúlio:
- seu primeiro governo foi uma ditadura, que impediu a posse do eleito Júlio prestes;
- criou a Petrobrás e os "direitos trabalhistas;
- se suicidou no segundo governo, classificado como "mar de lama".

Lula:
- em seu governo, o país passou de devedor do credor do FMI;
- criou o Bolsa Família e outros programas de transferência de renda;
- o salário mínimo subiu expressivamente, passando a equivaler a US$ 280;
- encerra seu segundo mandato com 75% de aprovação;

Getúlio se suicidou. Lula encerra seu segundo mandato com 75% de aprovação. Parece que o metalúrgico não precisará deixar a vida para entrar para a História.

Direitos humanos em Cuba



Os estadunidenses - povo que se empenhou para que 32 milhões de compatriotas não tivessem acesso a saúde - têm razão de se preocupar com a violação dos direitos humanos em Cuba.

São mesmo inadmissíveis as prisões ilegais e as torturas praticadas na "prisão" de Guantanamo.

No sábado, até o "diário da ditabranda" publicou uma reportagem sobre as violações dos direitos humanos em Cuba:

Inocentado, iemenita passou 5 anos em prisão sob tortura

DO ENVIADO A SANAA

O iemenita Saleh Al Zuba, 60, garante nunca ter integrado a rede Al Qaeda. Mas os cinco anos de torturas e humilhações na prisão de Guantánamo despertaram nele um ódio dos EUA que o faz considerar legítimos os ataques da rede terrorista contra alvos americanos.
Os piores momentos, disse al Zuba em entrevista à Folha concedida em um hotel de Sanaa, eram as sessões de tortura psicológica para arrancar informações sobre a Al Qaeda que ele jurava não ter.
"Impediam-me de dormir durante dias. Deixavam-me deitar, mas quando pegava no sono, sacudiam violentamente meu corpo. Chegava uma hora em que enlouquecia."
Al Zuba conta que os interrogadores da CIA tinham técnicas para saber que tortura funcionava melhor com que prisioneiro. Ele mesmo, um muçulmano devoto, era submetido a humilhações como ver o Corão ser pisoteado ou receber somente comida à base de porco em seu prato.
Certo dia, relata aquele que foi o mais velho detido árabe de Guantánamo, uma jovem americana atraente entrou em sua cela para conversar sobre amenidades. A moça dizia querer praticar o seu árabe com Al Zuba, que a achou sincera. Após alguns encontros, ela começou a seduzi-lo, aparecendo com roupas cada vez mais curtas, até sentar-se seminua em seu colo. "Graças a Deus aquilo não teve efeito sobre mim, e ela parou de ir até a minha cela."
Já a tortura física consistia principalmente em socos e pontapés, relata Al Zuba, dizendo-se aliviado por ter escapado dos torturadores dos serviços secretos árabes. "Agentes de Tunísia, Jordânia, Marrocos e Egito são os mais cruéis do mundo e fazem muito trabalho sujo para os americanos."

Preso por engano
O caminho de Al Zuba -casado, pai de três filhos e técnico em eletricidade- até Guantánamo começou pouco antes do 11 de Setembro, quando diz ter ido ao Paquistão para ser operado do coração. Mas, segundo relata, era preciso atravessar a fronteira e ir ao Afeganistão buscar o dinheiro para a cirurgia, que seria entregue por "alguém do golfo Pérsico".
Al Zuba admite que a organização de caridade que prometera pagar sua operação era "provavelmente ligada à Al Qaeda". Mas o dinheiro nunca foi entregue. "Eu estava em Candahar no 11 de Setembro. Todo mundo ficou preocupado, fecharam as fronteiras e eu não pude voltar ao Paquistão."
Ele diz ter sido levado com outras pessoas idosas ou doentes até um acampamento perto de Tora Bora, sob os cuidados de "operários" da Al Qaeda. É lá que ele se encontrava, "num frio terrível, quando começaram a cair bombas como chuva". Eram os primeiros bombardeios americanos para retaliar os ataques da Al Qaeda a Nova York e Washington.
Uma tarde, ao tentar voltar ao Paquistão, Al Zuba diz ter pedido ajuda, esgotado, a uma tribo afegã, que o recebeu de braços abertos. Mas horas depois, ele foi amarrado e entregue a soldados americanos em troca de uma recompensa que ele avalia em US$ 5.000.
Após semanas sendo levado de uma base a outra, sem saber onde estava, Al Zuba conta que só foi ver a paisagem em volta dele ao chegar em Guantánamo. "Quando tiraram a venda dos meus olhos, logo vi que não estava no Oriente Médio."
O iemenita afirma ter feito amizades em Guantánamo, apesar do sofrimento geral. "Companheiros me contaram que sabiam meses antes do 11 de Setembro que um grande evento aconteceria, mas eles não conheciam os detalhes."
Em 2006, uma general americana informou Al Zuba que ele seria libertado porque um tribunal militar o inocentara das suspeitas de ter combatido nas fileiras da Al Qaeda e de ter tido acesso direto a Bin Laden. O preso só acreditou quando o avião pousou em Sanaa.
De fala e gestos suaves, Al Zuba só se exalta quando fala dos EUA. "Como um país que prende e tortura até doentes como eu, sem apresentar uma justificativa legal, ousa dizer que defende os direitos humanos?", diz o ex-prisioneiro, cujos advogados nos EUA e Iêmen estão exigindo indenização milionária à Casa Branca.
O que pensa da rede de Bin Laden? "Se as justificativas forem legítimas, eu apoio as suas ações. Porque se condena a Al Qaeda, mas se permite o massacre de palestinos?"

quarta-feira, 17 de março de 2010

Putz, não é que eu não gostei?!!



Desde que "A alma boa de Setsuan" entrou em cartaz, em meados de 2008, fiquei com vontade de ver. Um texto do Bretch, com boas críticas. Não morro de amores pela Denise Fraga, mas gosto do Ari França. Acho que vale arriscar, pensei com os meus botões.

Como a peça estava em cartaz no teatro de um hotel chique, o ingresso custava 90 dinheiros - o camarada Bertold deve estar se revirando no túmulo, pensei.

Acabei não indo, mas fiquei com a sensação de estar perdendo algo bacana.

Há alguns meses "A alma boa..." chegou ao Tuca, em temporada popular (20 dinheiros às sextas e 30 aos sábados - 1/3 do preço cobrado no teatro do hotel chique).

Como ocorre nas "temporadas populares", demorei semanas para conseguir comprar os ingressos - o que só ocorreu no último sábado.

Depois de tanta expectativa, o que tenho a dizer é: não gostei do que vi. Achei que os cacos e micagens excessivas do Ari França e a interpretação da Denise tiraram a força do texto de Bretch.

No final, Denise até faz um apelo à reflexão, mas saí do Tuca com a sensação de ter assistido a uma comédia boba.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O surdo-mudo



Minha alma musical silencia
Entre a bossa do homem comum
E os acordes cortantes da desesperacion.

O lobo bobo deixa pegadas
Nas areias do porvir
As gardenias?
Pra que?
Ninguem ha de perceber
Que eu nao falei de flores.

Silente, como hei de rodopiar?

sexta-feira, 12 de março de 2010

Eike, mas podem chamar de fenômemo

Na época de Luma ele já dizia: eu boto mesmo é pra foder!

O meteoro Eike Batista emplacou mais uma façanha. Depois de comer a Luma de Oliveira repetidas vezes, o midas tupiniquim passou, em apenas um ano, de 61o. para 8o. homosapiens mais rico do mundo. A fortuna de "Aique" - parece que é assim que se pronuncia o nome do empresário - é de US$ 27 bilhões (maior que o PIB do Paraguai).

Os 10 mais ricos do Planeta são:

1- Carlos Slim (mexicano) - US$ 53,3 bi
2- Bill Gates (americano) - US$ 53 bi (empate técnico, não?)
3- Warren Buffett (americano definido como megainvestidor) - US$ 47 bi
4- Mukesh Ambani (indiano do ramo do petróleo) - US$ 29 bi
5- Lakshmi Mittal (indiano dono da siderúrgica AcelorMittal) - US$ 28,7 bi
6- Larry Ellison (americano CEO da Oracle) - US$ 28 bi
7- Bernard Arnault (francês dono da LVMH, que possui, entre outras, a Luis Vuitton e a Christian Dior - US$ 27,5 bi
8- Ééééééééééé do BRASIIIIIIIIIIIIIIL!
9- Amancio Ortega (espanhol do ramo do varejo)- US$ 25 bi
10- Karl Albretch (alemão dono de uma rede de supermercados)

Quem é Eike Batista:

- atua em várias áreas, com destaque para o setores de mineração e petróleo;
- por uma dessas coincidências da vida, é filho do empresário Eliezer Batista, ministro das Minas e Energia no Governo João Goulart e, ao longo de boa parte da ditadura militar, presidente da Companhia Vale do Rio Doce, então uma empresa estatal;
- é classificado, de acordo com o gosto do freguês, como: aventureiro, agressivo, brilhante, ousado, exibicionista, megalomaníaco e visionário.
- Eike desembolsa considerável quantia em doações para candidatos e partidos políticos, de vários estados. Nas eleições de 2006, contribuiu com 4,5 milhões de reais. É o maior doador pessoa física para a campanha de reeleição do presidente Luís Inácio Lula da Silva, com um milhão de reais.

Perfil completo do visionário

quarta-feira, 10 de março de 2010

Fiesp é presidida por um socialista



Há muito tempo os partidos políticos deixaram de ter diferenças ideológicas. Apesar da profusão de siglas, a política brasileira resume-se a um grande PMDB. Comunistas, socialistas, verdes, democratas-cristãos, demos do demo, enfim, todos bravateiam diante dos holofotes, mas buscam apenas uma lugar ao sol no nefasto jogo político.

Desde que Sarney, da Arena, tornou-se o primeiro presidente pós-ditadura, pouca coisa me causou estranhamento. Porém, confesso que achei exótica a filiação do presidente da Fiesp ao PSB - Partido Socialista Brasileiro. Seria o presidente da Fiesp um socialista?

Parece que sim. Ao se filiar ao PSB, Paulo Skaf declarou que "escolheu o partido com quem se identifica. Gosta muito da [Luiza] Erundina, é amigo do Eduardo [Campos] e do Ciro [Gomes]..."(a boa e velha Erunda declarou que não se sente à vontade para dividir o palanque com o presidente da Fiesp).

Ao longo da vida, alguns amigos socialistas viraram liberais. Um deles, inclusive, declarou-se recentemente simpatico à monarquia. Tudo bem, Lula já disse que só os idiotas - como eu - continuam "de esquerda" depois de velhos. Mas um presidente da Fiesp viraria socialista? Intrigado, resolvi recorrer ao Aurélio:

Socialista: referente ao ou que é partidário do socialismo.

Socialismo: conjunto de doutrinas que se propõem promover o bem comum pela transformação da sociedade e das relações entre as classes sociais, mediante a alteração do regime de propriedade.


Fiquei mais confuso. Mortificado pela culpa, teria Paulo Skaf resolvido ajustar as contas com sua consciência? Levantaria da sua cadeira na avenida Paulista para conclamar as massas a invadir as fábricas e acabar com a exploração do homem pelo homem?

Não me parecia o caso. Porém, ainda intrigado, resolvi dar uma olhada no site do PSB. O que teria causado a "identificação" de Skaf com o partido? No tópico "quem somos", encontrei as seguintes informações:

Princípios:

IV – O Partido tem como patrimônio inalienável da humanidade as conquistas democrático-liberais, mas as considera insuficientes como forma política, para se chegar à eliminação de um regime econômico de exploração do homem pelo homem.

VII – O objetivo do Partido, no terreno econômico é a transformação da estrutura da sociedade, incluída a gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que procurará realizar na medida em que as condições do País a exigirem.

X – O Partido admite a possibilidade de realizar algumas de suas reivindicações em regime capitalista, mas afirma sua convicção de que a solução definitiva dos problemas sociais e econômicos, mormente os de suma importância, como a democratização da cultura e a saúde pública, só será possível mediante a execução integral do seu programa.

Programa:

Classes Sociais – O estabelecimento de um regime socialista acarretará a abolição do antagonismo de classe.

Socialização – O Partido não considera socialização dos meio de produção e distribuição a simples intervenção de Estado na economia e entende que aquela só deverá ser decretada pelo voto do parlamento democraticamente constituído e executada pelos órgãos administrativos eleitos em cada empresa.

Da Propriedade em Geral – A socialização realizar-se-á gradativamente, até a transferência, ao domínio social, de todos os bens passíveis de criar riquezas, mantida a propriedade privada nos limites da possibilidade de sua utilização pessoal, sem prejuízo do interesse coletivo.

Da Terra- A socialização progressiva será realizada segundo a importância demográfica e econômica das regiões e a natureza de exploração rural, organizando-se fazendas nacionais e fazendas cooperativas, assistidas estas, material e tecnicamente, pelo Estado. O problema do latifúndio será resolvido por este sistema de grandes explorações, pois assim sua fragmentação trará obstáculos ao progresso social. Entretanto, dada a diversidade do desenvolvimento econômico das diferentes regiões, será facultado o parcelamento das terras da Nação em pequenas porções de usufruto individual o­nde não for viável a exploração coletiva.

Da Indústria – Na socialização progressiva dos meios de produção industrial partir-se-á dos ramos básicos da economia.

Do Comércio -A socialização da riqueza compreenderá a nacionalização do crédito, que ficará, assim, a serviço da produção.

Jesus Carlos! Pelo visto eu estava enganado. O homem deve ser o maior socialista desde Salvador Alende. Como não fiz parte da geração que queria mudar o mundo, percebi que não poderia perder tamanha oportunidade. Tomarei quatro providências imediatamente:
1- ligarei para a Velhinha de Taubaté e marcarei um chá das cinco;
2- me filiarei imediatamente ao PSB;
3- ligarei para o Stédile e direi que, a partir de hoje, encontro-me a serviço de outro nobre cavaleiro - que enfrentará a questão agrária com mais galhardia;
4- tal qual Sancho Pança, me colocarei à disposição do grande "Socialista do Século XXI" para que enfrentemos juntos os terríveis moinhos de vento capitalistas.

Companheiros: o mal venceu, mas a luta continua!

terça-feira, 9 de março de 2010

O Demo do Demo


Demóstenes aparenta dificuldade de compreensão ao folhear a principal obra de Gilberto Freire







Demóstenes, o Demo do Demo, estuprou o Gilberto Freire para defender o indefensável ("...o estupro de mulheres negras nas senzalas da Colônia e do Império do Brasil era consensual").

Tenho dúvidas em relação à política de cotas - ate o admirável professor Joel Rufino as tem -, mas acho que precisávamos começar a atacar essa questão tão complexa de alguma forma. Na falta de uma melhor - ou de nenhuma, estou com essa e não abro.

O Demo do Demo é a versão 2010 do Maluf 1989, que sugeriu aos estupradores: "tá bom, tá com vontade sexual? Estupra, mas não mata".

Mais de 20 anos - e milhões de dólares roubados depois, Maluf ainda é deputado federal. Que o Demo do Demo não tenha a mesma sorte.

E sobre a escravidão no Brasil, poucos foram mais precisos que o mestre Darcy Ribeiro, em "O Povo Brasileiro":


[...] Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. Como descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da malignidade destilada e instilada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria."

"A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista." (1995, p.120)

segunda-feira, 1 de março de 2010

13 mil excluídos perambulam pela desvairada



A cidade de São Paulo tem 13 mil moradores de rua, de acordo com o censo realizado pela Prefeitura administrada por Gilberto do Demo. Levantamento realizado no início da gestão do Demo demonstrou que 1 em cada 6 moradores da maior cidade do país mora em favelas.

Resumo da ópera:

- 13 mil excluídos em uma cidade como São Paulo é um despropósito. Não é possível admitir que a cidade mais "desenvolvida" do país não acolha os mais necessitados.

- Por outro lado, uma cidade que possui um orçamento como o de São Paulo conseguiria resolver o problema dessas pessoas em curto prazo, desde que a questão fosse vista como prioritária.

- Muitas dessas pessoas são vítimas de uma das mais cruéis epidemias contemporâneas, a dependência de crack, uma droga devastadora que transforma seres humanos em verdadeiros zumbis.

- Os moradores de rua são odiados por ricos e pobres.
Os moradores de Higienópolis e Pacaembu, a fina flor da desvarairada, enxergam os seres que perambulam por suas calçadas - depois de terem sido expulsos do centro pela Prefeitura do Demo - como chagas a serem eliminadas, geradores de odor e sujeira.
Os pobres, bombardeados pelo discurso canalha das elites, enxergam os moradores de rua como vagabundos que não lutam por seu "lugar ao sol". São acomodados que querem viver à sombra dos valentes trabalhadores que fazem mover a "locomotiva Brasil".

- A Prefeitura do Demo não sabe - e não se preocupa em saber - o que fazer com a questão, se limitando a contabilizar os desvalidos e empurrá-los de um lado para o outro.

- Pessoas como o padre Júlio Lancellotti têm tentado acolher o que chama de "povo da rua", mas isso não basta. Chegou a hora de encararmos essas pessoas como elas são: criaturas sem perspectiva, que precisam de ajuda incondicional.