segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Intervozes - O direito à comunicação



O que as 11 famílias que dominam os meios de comunicação de Pindorama oferecem a Sirleydes, Waldisneys... e a todos nós. Clonemos o Massimo!

www.intervozes.org.br

domingo, 13 de dezembro de 2009

De Massimo para Berlusconi



Se houvesse mais gente como Massimo Tartaglia, os canalhas colocariam as barbas de molho. Salve, Massimo!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Criacionismo



O diabo criou o homem.
O homem criou deus à sua imagem e semelhança.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

As duas novas reformas agrárias

PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO

REFORMA-SE algo que não está funcionando a contento. Altera-se então a forma de alguma coisa, sem alterar sua substância. Por isso mesmo, uma mesma coisa pode ser reformada várias vezes. Com a estrutura agrária acontece exatamente o mesmo.
Todas as vezes em que ela emperra a realização do projeto de algum grupo social importante, esse grupo propõe uma reforma agrária.
Na época moderna, o motivo principal das reformas agrárias foi a rigidez da estrutura agrária herdada da Idade Média porque impedia o pleno funcionamento do mercado capitalista e das instituições capitalistas no campo. De modo geral, essas reformas agrárias foram distributivistas -promoviam a desapropriação de grandes latifúndios e seu parcelamento em lotes familiares.
Nos anos 50 do século passado foi esse tipo de reforma agrária que entrou na agenda política do país, proposta apresentada pelas demais forças progressistas, racionalizada pela Cepal, sob o argumento do atraso do setor agrícola e dos seus efeitos no processo inflacionário, e incorporada pelos governos que "compraram" a ideia do presidente Kennedy, o qual viu a possibilidade de evitar a propagação da Revolução Cubana num processo moderado de distribuição das terras dos latifúndios latino-americanos.
A proposta de reforma agrária deu ensejo a um intenso debate teórico em torno do problema da terra. O golpe de 1964 encerrou o debate, o qual só foi reaberto 20 anos depois, agora sustentado por novas organizações populares e novos partidos de esquerda. Muitos intelectuais -inclusive os que hoje a renegam- encarregaram-se de justificá-la teoricamente.
Não se tratava mais da reforma de 1964, porque os militares, nos seus 20 anos de governo, haviam realizado a modernização do campo sem distribuição massiva de terra, porém a um preço social e ecológico altíssimo. Tratava-se de corrigir essas distorções. Portanto, tratava-se agora de reforma agrária social, destinada a humanizar o capitalismo agrícola e a preservar o meio ambiente.
Hoje o governo Lula praticamente enterrou esse tipo de reforma agrária. Por isso os movimentos populares foram levados a radicalizar sua pressão sobre a terra. Além das ocupações, promoveram marchas, fechamento de estradas, danificação de pedágios e, ultimamente, danificação de instalações e plantações de propriedade de grandes agronegócios. Em uma sociedade anestesiada, incapaz de sensibilizar-se por argumentos racionais, que se move unicamente pressionada por gestos ostensivos, tais atitudes se justificam pelo estado de necessidade, pois não há outra forma de chamar a atenção para o descaso criminoso do governo com a população rural.
Qual a leitura a ser feita então a respeito de fatos como a derrubada de laranjais da fazenda Cutrale; a danificação das mudas de transgênicos na Syngenta; a ocupação dos latifúndios do banqueiro Dantas no Pará?
Esses e outros gestos publicitários visam bloquear um processo de reforma agrária atualmente em plena marcha e, ao mesmo tempo, propor um projeto alternativo de reforma. O processo de reforma a ser bloqueado está sendo executado aceleradamente.
Origina-se na contrarrevolução neoliberal dos anos 90 e na nova divisão internacional do trabalho que dela decorreu.
Essa nova divisão alterou o lugar da economia brasileira no mercado capitalista internacional e isto está a exigir a transformação rápida da sua atual estrutura agrária, a fim de que os grandes agronegócios internacionais montem uma formidável economia exportadora de quatro produtos altamente demandados pelas economias que lideram a nova fase do capitalismo -soja, álcool de cana de açúcar, carne e madeiras.
O grande capital internacional assumiu por conta própria a realização dessa reforma e a está implementando, mediante a compra de terras e de empresas agrícolas, de que é exemplo a compra da Usina Santa Elisa pelo grupo Dreiffyus.
Por ação e por omissão, o governo Lula apoia entusiasticamente essa nova reforma agrária. Por omissão, quando paralisa o raquítico programa de assentamentos da "reforma agrária social"; por ação: quando edita leis que permitem legalizar 67 milhões de hectares de terras griladas na Amazônia, a fim de que os grileiros (convertidos em proprietários legais) as vendam aos grandes agronegócios para produção de soja e para criação de gado nessas terras; quando realiza pesados investimentos na transposição das águas do rio São Francisco, a fim de criar uma economia exportadora de frutas tropicais, comandada pelos grandes agronegócios e destinada a países do hemisfério norte; quando prorroga a entrada em vigor de leis que protegem as florestas.
Requisito indispensável para o êxito dessa reforma agrária dos ricos é calar os movimentos sociais do campo, especialmente aquele que, aqui e no exterior, simboliza a luta da população pobre pela terra: o MST. O capital transnacional não vai aonde pode correr riscos.
O serviço que os intelectuais hoje dedicados a desmoralizar o MST prestam a essa nova reforma agrária consiste em fornecer argumentos pseudamente racionais para justificar a criminalização desse movimento.
A outra reforma agrária -a dos movimentos autênticos do campo e das forças sociais progressistas- visa contrarrestar a reforma concentradora dos agronegócios e atender às necessidades de 6 milhões de famílias pobres do campo. Trata-se de consolidar a agricultura familiar -que responde tanto pela maior porcentagem da produção de alimentos quanto da oferta de empregos no campo e de desapropriar todos os imóveis de tamanho superior a 1.000 hectares, a fim de redistribuir essas terras à população rural sem terra.
O MST e a CPT (órgão da CNBB) levantaram essa bandeira, cabendo às forças progressistas que ainda restam na nação empunhá-la e levá-la adiante.
A estrutura agrária que se formará nesse processo criará a base material requerida para viabilizar um rigoroso processo de zoneamento agroecológico da produção e um programa de descentralização do abastecimento alimentar da população. A prioridade que deverá ser dada a esses objetivos não é incompatível com o aproveitamento da demanda externa pelas "commodities" agrícolas porque o país possui uma enorme quantidade de terras.
Os desertores da reforma agrária, que hoje se ocupam de intrigar a opinião pública contra o MST, não conseguem separar o fato social do movimento político: o MST é um movimento político socialista que, diante do fato social representado pelo conflito fundiário, organiza a luta de uma das partes do conflito -a população rural sem terra- do mesmíssimo modo que a CNA; a bancada ruralista; os partidos da direita; a grande mídia (com matérias escandalosamente facciosas); e os intelectuais a serviço desses interesses organizam a luta da outra parte no conflito: o agronegócio.
Para que o debate sobre as duas reformas agrárias seja racional, é preciso pôr de lado a impostura da imparcialidade.
Este analista toma partido -está do lado dos sem-terra- e é deste ponto de vista que interpreta racionalmente a realidade do campo. Quem diz não estar de lado nenhum, mas do lado do Brasil, não está dizendo a verdade: o Brasil não tem lado no conflito agrário, porque é impossível realizar uma reforma que atenda ao mesmo tempo quem quer a concentração e quem quer a desconcentração da propriedade rural.
Contudo há uma crítica a ser feita à ocupação da fazenda da Cutrale. Segundo a empresa, os ocupantes destruíram 7.000 pés de laranja. Erraram: deviam ter destruído 70 mil (o que nem seria muito notado numa fazenda de 1 milhão de pés) a fim de chamar mais a atenção para o fato de que essa fazenda ocupa ilegalmente terras públicas com a conivência do Poder Judiciário.
Muito mais do que 70 mil são as vidas de crianças estão sendo destruídas pelo desemprego agrícola; pelos salários escandalosamente baixos dos trabalhadores rurais; pela precariedade das habitações rurais -fonte de doenças que destroem vidas.
O MST está certíssimo na sua tática de luta. Só lhe falta proclamar com maior vigor e clareza a cumplicidade de Lula na reforma agrária do agronegócio e cobrar mais apoio dos partidos de esquerda, das igrejas, da universidade, dos ecologistas (que precisam sair de cima do muro e assumir a luta camponesa), bem como exigir do Poder Judiciário e do Ministério Público, cujos juízes e promotores permitem o protelamento indefinido ações de desapropriação e não fiscalizam as violências policiais cometidas contra os lavradores nas reintegrações de posse, o cumprimento de suas obrigações.
O MST deve cobrar: a população rural é credora e não devedora.

PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO, 79, é presidente da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária) e ex-consultor da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Foi deputado federal constituinte pelo PT-SP e candidato a governador de São Paulo pelo mesmo partido em 1990. Em 2005, filiou-se ao PSOL, partido pelo qual concorreu ao governo de São Paulo em 2006.


Mais sobre a reforma agrária: Stedile no "É Notícia"

Tiros na Broadway

Mario encontrou refúgio na ficção.
Vida é sonho.
Seu personagem disse: atire!
A realidade fez quatro disparos.
As cortinas se fecharam.
Hoje não há espetáculo.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Só por hoje



Paulo Freire (1921 - 1997)

Hoje resolvi fazer um esforço danado para imaginar que podemos passar desta para melhor. Ao chegar, perguntaria pela mesa onde o Paulo Freire e o Darcy Ribeiro estariam a papear. Só por hoje.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os jornalistas do futuro

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Folha de S. Paulo
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NOVOS TALENTOS

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Comentário: Ao entrar no jornal da ditabranda com padrinhos tão ilustres, os jovens talentos saberão, de cara, a serviço de quem atuarão com imparcialidade.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Relevância

Augusto desvendava a natureza.
Jorge compõe lindas canções.
Maria do Socorro era operadora de fotocopiadora.
Um sapo matou Augusto.
Jorge é maldito.
Maria do socorro simplesmente morreu.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

O Beijo Bandido de Ney



Fiquei surpreso com o público que lotava o novo teatro do shopping Bourbon, formado predominantemente por madames da terceira idade. Seria reflexo da passagem do Ney pelo sofá daquela apresentadora entrada em anos? Seria o show do Ney uma forma das vovós pulverizarem um veneno antimonotonia em suas vidas tão lineares?

Não imagino aquelas senhorinhas à vontade entre os sacis e as fadas do universo do homem com H. De qualquer forma, desde a entrada elas não escondiam a decepção com o figurino comportado do Ney, um terninho Versolato que escondia o corpo esguio tão escancarado nos shows anteriores.

A frustração foi sepultada já nos primeiros acordes. Vestimenta alguma poderia represar a sensualidade primitiva do intérprete. Cada silêncio entre acordes era a senha para gritinhos de "lindo!", "gostoso!", "maravilhoso!".

O repertório de "Beijo Bandido" foi esculpido com precisão cirúrgica, a partir de um mosaico aparentemente desconexo que vai de Tango pra Teresa (de Jair Amorim e Evaldo Golveia), sucesso na voz de Angela Maria, a Mulher sem razão (Cazuza), passando por Piazzolla (As ilhas).

A única ressalva em relação ao show fica por conta da duração: apenas uma hora. Ficou um gosto de quero mais. Coisa de fã insaciável.
Aguardemos, agora, O bandido da luz vermelha.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Estamos todos bem


Essencial


Onde os meus estavam quando os pés de Armstrong
deixaram suas marcas nas crateras lunares?
Nos deitamos na relva como bichos.
A ilha, a embarcação, nossos cheiros. Nosso gozo primitivo.
Disso não consigo esquecer.

Deus é fiel

CLÁUDIO GUIMARÃES DOS SANTOS

Eis uma frase que vemos, atualmente, estampada por toda a parte. Mas, afinal, o que diabos significa dizer que Deus é fiel?

EIS UMA frase que vemos, atualmente, estampada por toda a parte: dos gigantescos outdoors aos vidros dos automóveis, sem falar dos templos, das traseiras de caminhões e das faixas ostentadas nas passeatas pop-evangélicas.
Num outro momento e lugar, esse fato talvez não merecesse maiores considerações. Afinal, fanatismo religioso e proselitismo exagerado sempre houve neste "mundo de meu Deus", e por sua causa já muito se matou e se morreu.
Todavia, não podemos esquecer que é de um "ungido" Brasil pré-eleitoral que estamos falando, ele mesmo situado numa América Latina "consagrada" a líderes messiânicos que se creem mais do que deuses.
E, se apenas alguns deles ousam ser tão blasfemos a ponto de se compararem ao próprio Cristo, todos eles, sem exceção, desejam ver os seus mandatos religiosamente prorrogados "até o final dos tempos". Ou, se tal não for possível, devido às manobras da "maligna" oposição, esperam ao menos passar a faixa presidencial para o discípulo ou a discípula mais amada, na esperança de que, em breve, possam voltar -ressuscitados- ao poder que idolatram de forma luciferina.
Cabe-nos, portanto, investigar, ainda que brevemente, o que diabos significa dizer que Deus é fiel. Em primeiro lugar, não deixa de ser notável que, num mundo onde a infidelidade sempre foi a regra dominante (se é que desejamos ser fiéis à verdade), se procure atribuir a Deus, com especial relevância, não a qualidade de ser bondoso ou justo, mas a de ser fiel. E isso precisamente numa época em que reina a publicidade -a "sacerdotisa-mor" da mentira, a "deusa-mãe" do engodo- e na qual amigo trai amigo, os sacerdotes traem os seus rebanhos, os políticos os seus eleitores, os comerciantes os seus clientes etc.
Não seria isso, talvez, algum tipo de "projeção compensadora", semelhante às discutidas por Freud, Marx, Nietzsche e Feuerbach, que visaria, ao jogar toda a luz sobre a divina perfeição, ocultar nas sombras a podridão humana?
Por outro lado, quando dizemos que Deus é fiel -supondo que saibamos, na teoria e na prática, o que é fidelidade-, na mesma hora nos vem à mente uma questão: a quem, nesse caso, seria Ele fiel?
Aos católicos que trucidaram protestantes ou aos protestantes que trucidaram católicos? Aos nazistas que assassinaram judeus nos campos de concentração ou aos israelenses que supliciam palestinos nos campos de refugiados? Aos muçulmanos que mataram "ocidentais" no 11 de Setembro ou aos "ocidentais" que massacram muçulmanos no Iraque e no Afeganistão? A Stálin, Pol Pot e Mao, que eliminaram dissidentes como matamos mosquitos, ou a Hitler, Mussolini e Franco, com suas terríveis atrocidades? Aos corintianos que esfolam palmeirenses (e vice-versa) ou aos cronistas esportivos que, por maldade ou ignorância, estimulam a violência nos estádios?
Infelizmente, se examinarmos as coisas como de fato se apresentam -tendo a história como suprema corte, como dizia Hegel- e não com os benevolentes olhos do "outro mundo", forçoso será concluir que o Pai Eterno se mostra bem mais fiel aos que esbanjam dinheiro nos shoppings de luxo do que às crianças que se acabam nos semáforos da Pauliceia; aos que erguem as odiosas barreiras transnacionais do que aos migrantes de todas as latitudes que não se cansam de tentar atravessá-las; aos malandros que vendem a salvação neste ou n'outro mundo do que aos crédulos que tolamente a compram; enfim, aos malvados, desonestos e egoístas do que aos bons, corretos e solidários.
Eu, que não sou teólogo, ouso crer, piedosamente, que Deus -se é que Ele existe- não é fiel a mortal algum, mas unicamente a Si mesmo, à Sua inextrincável complexidade, à Sua silenciosa incompreensibilidade, à Sua incognoscível natureza (incognoscível, quem sabe, até para Ele).
O que nos resta, a nós mortais, se formos lúcidos, é o enfrentamento cotidiano da terrível solidão desses espaços infinitos, que tanto assustavam Pascal, e dos quais provavelmente não virá resposta alguma, sobretudo se as perguntas forem feitas por pseudossacerdotes ou por políticos de ego inflado.
O que precisamos, no fim das contas, é ter coragem para lutar contra a tendência universal da humanidade a se curvar e a obedecer, que é muitíssimo maior do que qualquer eventual vontade de autonomia. Por causa dessa tendência, uns poucos "lobos" espertalhões são capazes de pastorear rebanhos gigantescos de "carneirinhos humanos", que se prostram agradecidos ao jugo do chicote, sempre contentes e -claro- fidelíssimos.

CLÁUDIO GUIMARÃES DOS SANTOS , 49, médico, psicoterapeuta e neurocientista, é escritor, artista plástico, mestre em artes pela ECA-USP e doutor em linguística pela Universidade de Toulouse-Le Mirail (França).

http://perplexidadesereflexoes.blogspot.com/

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Cruzada pela ética

De maos limpas



De maos limpa2

Drummond disse


"As coisas talvez melhorem. São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto."

Qual é o lead?

Neander

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Caminhemos

Viver 100 anos como Levi Strauss ou Niemeyer é um presente. Como Caetano, um regalito. Como um mortal qualquer, um castigo. Como o Raimundo escrivinhador, não faz diferença. Afinal, ele já não está aqui há muito tempo...
Caminha (a humanidade)? Caminhemos, pois!

Caminhemos
Herivelto Martins

Não, eu não posso lembrar que te amei
Não, eu preciso esquecer que sofri
Faça de conta que o tempo passou
E que tudo entre nós terminou
E que a vida não continuou pra nós dois
Caminhemos, talvez nos vejamos depois
Vida comprida, estrada alongada
Parto à procura de alguém, à procura de nada
Vou indo, caminhando sem saber onde chegar
Talvez que na volta, te encontre no mesmo lugar.

Caminhemos na voz do "Metralha".

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Para rolar de rir: O papa e a bruxa


Possolo, hilário como líder da corporação

Com texto do dramaturgo italiano Dario Fo e direção de Hugo Possolo, a comédia "O Papa e a Bruxa" marca a comemoração da maioridade dos Parlapatões, grupo que completa 18 anos em 2009.

A obra trata com humor crítico de temas polêmicos para a igreja, como a liberalização das drogas, o cebilato, o aborto e a disseminação da Aids.

A trama começa com o papa no Vaticano, sofrendo de um problema de coluna. Ele recebe seu médico, mas o homem não resolve o caso e uma freira se oferece para ajudar.

O papa percebe que a freira tem poderes e, depois de uma série de peripécias, constata que ela viveu na África e é uma curandeira. Ele a expulsa do Vaticano, mas pouco tempo depois, a crise de dor aumenta e o papa, à paisana, resolve procurar a bruxa.


Horários:
Sextas às 21h
Sábados às 19h e 22h
Domingo às 20h

Ingressos:
Sextas - R$ 15,00 (inteira) R$ 7,50 (meia)
Sábados e Domingos – R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia)

Recomendado para maiores de 14 anos.

Espaço Parlapatões
Praça Franklin Roosevelt, 158
Tel.: (11) 3258-4449

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Livro de Canções de Itamar Assumpção



Versão digital no Google Books

O turista e o peregrino

ROSELY SAYÃO



[...] HOJE, MAL UM FILHO NASCE E OS PAIS JÁ SE PREOCUPAM COM O FIM DE SUA JORNADA

O mundo em que vivemos afeta profundamente a maneira de ser e de viver de cada um de nós e nem sempre nos damos conta disso. As decisões que tomamos diariamente, as escolhas que fazemos, as interpretações que damos aos acontecimentos são influenciadas pelo contexto social e cultural.
Isso quer dizer que os estilos de vida que adotamos também estão marcados pela maneira como o mundo se constitui.
As metáforas ajudam a compreender melhor as transformações que ocorreram e que estão em curso no nosso modo de viver. Zygmunt Bauman, pensador contemporâneo, construiu uma que ajuda a dar sentido e a interpretar a diferença entre o modo de estar no mundo décadas atrás e agora.
Para isso, ele contrapõe as imagens do peregrino e do turista.
O peregrino, figura característica de um mundo em extinção, é quem escolhe viajar em busca de algo para melhorar ou dar sentido à sua vida. Em sua árdua e longa jornada, que não tem prazo para terminar, ele não tem pressa e seu trajeto importa mais do que sua chegada, que ele não sabe quando nem onde ocorrerá.
Já o turista -figura marcante dos tempos atuais- viaja por diversão e com data marcada para voltar, escolhe seu destino por curiosidade ou influência do mercado de consumo do lazer e seu trajeto é apenas o modo de chegar a seu destino.
Qualquer contratempo nos planos do turista é vivido de forma dramática. Vou usar essa metáfora para compreender um pouco as mudanças dos papéis de mãe e de pai na atualidade.
Hoje, mal um filho nasce e os pais já se preocupam com o fim de sua jornada, que equivale a entregar o filho ao mundo para que ele viva por conta própria e com autonomia. Desse modo, pais de crianças muito pequenas procuram escolas que as preparem para o vestibular e o Enem, enchem seus filhos de atividades que os ajudem a enfrentar o futuro mercado de trabalho, programam com antecedência e em pormenores sua vida para realizar tudo o que planejaram para o filho.
Pais de crianças que resistem -por seu modo de ser- a tais planos frustram-se, sentem-se fracassados, usam de muitos artifícios para tentar resgatar o caminho originalmente traçado ou desistem precocemente de sua viagem. Preparar o filho para o futuro tornou-se, por força das pressões externas, missão mais importante do que conhecer e ouvir o filho, estar com ele, construir um vínculo afetivo. Essa imagem é muito parecida com a do turista, não?
Há pais que não pensam no fim de sua jornada a não ser quando constatam que ela terminou. Sabem que seu trajeto será longo e árduo, não têm pressa, encaram as vicissitudes como parte da caminhada, ligam-se mais ao filho que têm do que àquele que ele será. Esse modo de se relacionar com a paternidade tem mais relação com a imagem do peregrino, portanto.
É possível escolher ser mais peregrino na vida com os filhos do que turista, mesmo com as influências que sofremos. Para isso, entretanto, é preciso refletir e resistir a muitas pressões do mundo em que vivemos.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)

roselysayao@uol.com.br

blogdaroselysayao.blog.uol.com.br

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Leminski disse


O poliglota analfabeto, de tanto virar o mundo, ver as coisas e falar os papos, parou para pensar ao pé de uma montanha. Assaltaram-no dois pensamentos. Um na língua materna, outro em língua estrangeira. O primeiro fez a pergunta, o outro respondeu. Resultado: sou pai de minhas perguntas e filho de minhas respostas.

***

Acordei bemol
Tudo estava sustenido
Sol fazia
Só não fazia sentido.


Ocupação Paulo Leminski: até 8 de novembro, no Itaú Cultural.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tico tico no fubá - Zequinha de Abreu



www.duosiqueiralima.com.br

Auto-Retrato Falado

Obra de Wesley Duke Lee

Manoel de Barros


Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.

Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.

Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão,

aves, pessoas humildes, árvores e rios.

Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar

entre pedras e lagartos.

Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto

meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou

abençoado a garças.

Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que

fui salvo.

Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.

Os bois me recriam.

Agora eu sou tão ocaso!

Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço

coisas inúteis.

No meu morrer tem uma dor de árvore.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Se você não gosta do Stédile, escute o Bresser

Indignação com as laranjeiras

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Por que não nos indignamos com a captura do patrimônio público que ocorre todos os dias em nosso país?


HÁ UMA semana, duas queridas amigas disseram-me da sua indignação contra os invasores de uma fazenda e a destruição de pés de laranja. Uma delas perguntou-me antes de qualquer outra palavra: "E as laranjeiras?" -como se na pergunta tudo estivesse dito.
Essa reação foi provavelmente repetida por muitos brasileiros que viram na TV aquelas cenas. Não vou defender o MST pela ação, embora esteja claro para mim que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é uma das únicas organizações a, de fato, defender os pobres no Brasil. Mas não vou também condená-lo ao fogo do inferno. Não aceito a transformação das laranjeiras em novos cordeiros imolados pela "fúria de militantes irracionais".
Quando ouvi o relato indignado, perguntei à amiga por que o MST havia feito aquilo. Sua resposta foi o que ouvira na TV de uma das mulheres que participara da invasão: "Para plantar feijão". Não tinha outra resposta porque o noticiário televisivo omitiu as razões: primeiro, que a fazenda é fruto de grilagem contestada pelo Incra; segundo, que, conforme a frase igualmente indignada de um dos dirigentes do MST publicada nesta Folha em 11 deste mês, "transformaram suco de laranja em seres humanos, como se nós tivéssemos destruído uma geração; o que o MST quis demonstrar foi que somos contra a monocultura".
Talvez os dois argumentos não sejam suficientes para justificar a ação, mas não devemos esquecer que a lógica dos movimentos populares implica sempre algum desrespeito à lei. Não deixa de ser surpreendente indignação tão grande contra ofensa tão pequena se a comparamos, por exemplo, com o pagamento, pelo Estado brasileiro, de bilhões de reais em juros calculados segundo taxas injustificáveis ou com a formação de cartéis para ganhar concorrências públicas ou com remunerações a funcionários públicos que nada têm a ver com o valor de seu trabalho.
Por que não nos indignarmos com o fenômeno mais amplo da captura ou privatização do patrimônio público que ocorre todos os dias no país? Uma resposta a essa pergunta seria a de que os espíritos conservadores estão preocupados em resguardar seu valor maior -o princípio da ordem-, que estaria sendo ameaçado pelo desrespeito à propriedade.
Enquanto o leitor pensa nessa questão, que talvez favoreça o MST, tenho outra pergunta igualmente incômoda, mas, desta vez, incômoda para o outro lado: por que os economistas que criticam a suposta superioridade da grande exploração agrícola e defendem a agricultura familiar com os argumentos de que ela diminui a desigualdade social, aumenta o emprego e é compatível com a eficiência na produção de um número importante de alimentos não realizam estudos que demonstrem esse fato?
A resposta a essa pergunta pode estar no Censo Agropecuário de 2006: embora ocupe apenas um quarto da área cultivada, a agricultura familiar responde por 38% do valor da produção e emprega quase três quartos da mão de obra no campo.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, nesta Folha listou esses fatos e afirmou que uma "longa jornada de lutas sociais" levou o Estado brasileiro a reconhecer a importância econômica e social da agricultura familiar. Pode ser, mas ainda não entendo por que bons economistas agrícolas não demonstram esse fato com mais clareza. Essa demonstração não seria tão difícil -e talvez ajudasse minhas queridas amigas a não se indignarem tanto com as laranjeiras.

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 75, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação: Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994". Internet: www.bresserpereira.org.br

Publicado no dia 19/10/2009 no jornal que disse que a dita foi branda.

Comentário: Se tivesse visto o depoimento do Bresser na TV, apostaria meu dedo mindinho que se tratava de montagem. Saravá!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Camilices


Cena 1: estávamos na Fnac, em busca de um presente para o meu pai, que fazia aniversário. Depois de ter se encantado com várias coisas, Camiloca me pergunta:
- Papai, você compra pra mim?
- Hoje não, filha. O aniversário é do vovô.
- Mas é tão legal, papai...
- Filha, se eu comprar, não sobrará dinheiro para o presente do vovô.
Ela pensou alguns instantes e decretou:
- Tive uma idéia. Você compra um presente baratinho para o vovô, assim sobrará dinheiro para comprar o meu também...
Comprei, é claro.

Cena 2: Kaká, Camila e eu no sofá. Do nada, Camila diz:
- Papai, a Kaká nunca vai se separar de você.
- Por que, filha?
- Ela me ama muito...

Cena 3: Camila pega uma almofada,acomoda-se no meio da sala, no chão, e começa a meditar.
-Ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooommmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm. Que acabem com a sujeira na Terra. Oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooommmmmmmmmm. Que todas as pessoas tenham casa e sejam mais ou menos ricas. Ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooommmmmmmmmmm. Que minha mãe arrume um namorado. Oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooommmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm. Que meu pai possa me carregar no colo de novo.

Comentário: depois que uma monstruosa hérnia de disco comprimiu meu nervo ciático, me deixando fora de combate durante meses, o médico decretou que eu não deveria, em hipótese alguma, carregar peso.

Cena 4: atordoado com a tagarelice da Camila, apelei:
- Filha, vamos fazer uma brincadeira? Vamos ver quem consegue ficar mais tempo em silêncio?
- Nossa, papai, minha mãe adora essa brincadeira...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Querem acabar com o Nosferatu


O almoço foi servido, mas ele devolveu a bandeja intocada. O chefe da segurança quis saber se havia algum problema com a comida. "Muito alho", disse Serra. "Já falei um milhão de vezes e ainda me mandam coisa com alho."


Trecho de "entrevista" concedida pelo governador de São Paulo a uma revista que tem o nome de um estado brasileiro bem pobre.

Instintos primitivos


Aqueles latidos o enlouqueciam há meses. Saltava da cama às 7h20, hipnotizado pela sinfonia canina. Caminhava até a janela ruminando palavrões e, enquanto retirava a remela dos olhos, amaldiçoava a nona geração daquela rotunda senhora.
Preparava o café da manhã mergulhado em pensamentos contraditórios: um novo bilhete exigindo providências? Uma ação judicial? Não, há tantas coisas mais importantes com as quais temos de nos ocupar. Além disso, um viralatas não costuma viver mais de 15 anos. A resposta da justiça viria antes disso? Ele mesmo não imaginava viver mais 15 anos.
Trabalhava em casa, e sempre que os latidos roubavam sua concentração, passava a arquitetar planos mirabolantes. Em geral, as “soluções” imaginadas tinham requintes de crueldade, mas na maior parte das vezes eram simplesmente bizarras. Meses de latidos ininterruptos tinham despertado seus instintos mais primitivos. Sonhava com o silêncio, mas queria vingança como compensação pelo desequilíbrio gerado – ou exacerbado.
Pensou em veneno. Não, jamais envenenaria os pobres cães, tão vítimas quanto ele do descaso de seus donos. Imaginava aquela mulher gorda agonizando enquanto engolia avidamente bombons “enriquecidos”.
Tarde da noite, já na cama, colocava de lado o livro que tentava ler e se punha de pé, com o firme propósito de descer de cuecas até a maldita casa, arrombar os portões e promover a libertação de todos os oprimidos.
- Basta! Chega de martírio!, bradaria diante de olhares atônitos e das luzes das viaturas de polícia.
Numa tarde modorrenta de novembro, refugiou-se no lavabo, o local da casa menos suscetível aos latidos. Num livro de citações, leu a seguinte frase: “falta de ética é aquilo que os outros fazem de errado”. Pegou na prateleira de remédios dois cotonetes e perfurou os próprios tímpanos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ontem, hoje e amanhã


Vai, Carlos, ser gauche na vida

O helicóptero abatido pelo tráfico chocou os neobossanovistas, que ainda estavam em êxtase com a escolha da "Cidade Maravilhosa" como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Injuriadas, as autoridades que patrocinaram o lobby olímpico vociferaram:
- a segurança dos turistas estará garantida nas Olimpíadas. Meia dúzia de marginais não estragará a festa.

Como assim, companheiros? Tinha gente morrendo aos montes quando vocês se lançaram nessa aventura estapafúrdia. Tem gente morrendo hoje. Centenas de brasileiros morrerão até 2016. Fodam-se os turistas, foda-se o "aumento da nossa autoestima".

Somos um país de merda! Graças ao delírio de meia dúzia (nesse caso é meia dúzia mesmo) de picaretas - que encherão as burras de grana -, deixaremos de investir em esgoto, habitação, saúde, educação e SEGURANÇA PÚBLICA para promover a "confraternização dos povos".

Olímpico, de verdade, é o imobilismo do povo de Pindorama. Como diria o Chico, "te perdôo por te trair".

Amizade não é network!



"As pessoas não querem escutar, só querem falar. Depois de muita observação, classifiquei cinco tipos básicos de surdos. Há aqueles que só falam e pronto. Emendam um assunto no outro. Fico prestando atenção para detectar quando respiram e não consigo. Acho que inventaram um jeito de falar sem respirar. E ganhariam mais dinheiro se entrassem em algum concurso de tempo sem oxigênio embaixo d’água. Aí, pelo menos, ficariam quietos por um momento.Existem aqueles que falam e falam e, de repente, percebem que deveriam perguntar alguma coisa a você, por educação. Perguntam. Mas quando você está abrindo a boca para responder, já enveredaram para mais algum aspecto sobre o único tema fascinante que conhecem: eles mesmos.Há aqueles que fingem ouvir o que você está dizendo. Você consegue responder. Mas, quando coloca o primeiro ponto final, percebe que não escutaram uma palavra. De imediato, eles retomam do ponto em que haviam parado. E não há nenhuma conexão entre o que você acabou de dizer e o que eles começaram a falar.Existem aqueles que ouvem o que você diz, mas apenas para mostrar em seguida que já haviam pensado nisso ou que sabem mais do que você, o que é só mais um jeito de não escutar.Há ainda os que só ouvem o que você está dizendo para rapidamente reagir. Enquanto você fala, eles estão vasculhando o cérebro em busca de argumentos para demolir os seus e vencer a discussão. Gostam de ganhar. Para eles, qualquer conversa é um jogo em que devem sempre sair vitoriosos. E o outro, de preferência, massacrado. Só conhecem uma verdade, a sua. E não aprendem nada, por acreditarem que ninguém está à altura de lhes ensinar algo.É claro que há um mix das várias espécies de surdos. E devem existir outras modalidades que você deve ter detectado, e eu não. O fato é que vivemos num mundo de surdos sem deficiência auditiva. E uma boa parte deles se queixa de solidão.É um mundo de faladores compulsivos o nosso. Compulsivos e auto-referentes."

Trecho de texto da jornalista Eliane Brum. Íntegra no Cravo e Canela, da petropolitana Gabi

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Camila na Pinacoteca: nasce uma fotógrafa




Exposição de Matisse na Pinacoteca.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Que se cuidem os infiéis


Por Gilberto Nascimento

Um novo coronelismo eletrônico começa a tomar corpo no Brasil. Ele se espelha na velha estratégia de associar o controle dos meios de comunicação ao poder político, à moda de clãs como os Sarney, no Maranhão, e os Magalhães, na Bahia. Com uma diferença: os movimentos têm como pano de fundo a fé religiosa.

Nunca antes grupos – sejam evangélicos, sejam católicos – acumularam tanta influência na mídia. E nunca trabalharam tão claramente para eleger diretamente deputados, senadores e governadores ou apoiar candidatos identificados com suas ideias e projetos, que incluem a oposição ao aborto e à união homossexual, para citar dois casos no campo dos direitos civis.
Leia a íntegra no site da Carta Capital

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Teatro do bom: Rock'n'Roll, de Tom Stoppard

Otavio Augusto está perfeito no papel de um velho comunista

O espetáculo não é um musical, mas se vale do rock’n’roll como ferramenta indispensável para contar uma história sobre a desestruturação do comunismo no leste europeu. Concebida por Tom Stoppard, a trilha desfila clássicos de Rolling Stones, Velvet Underground, Beatles, John Lennon, Bob Dylan, Syd Barrett, Doors, Pink Floyd, Beach Boys, Guns’n’Roses, Grateful Dead, U2, além da banda The Plastic People of the Universe, grupo de rock que surgiu em Praga em 1968, e acabou se tornando um símbolo da resistência ao regime comunista. Rock'n'Roll se passa entre os anos de 1968 e 1990, sob uma dupla perspectiva: em Praga, na república Tcheca, onde uma banda de Rock (The Plastic People of the Universe) aparece para simbolizar a resistência ao regime autoritário comunista; e em Cambridge, na Inglaterra, onde as questões do amor e da morte definem as vidas de três gerações da família de um filósofo marxista.

Autor: Tom Stoppard.
Direção: Felipe Vidal e Tato Consorti.
Com: Otavio Augusto, Thiago Fragoso, Gisele Fróes, Bianca Comparato, Adriano Saboya, Luciana Borghi, Carol Condé, Christian Landi, Mariana Vaz e José Karini.
Duração: 3h. Intervalo de 10 minutos.
Local: Sesc Pinheiros -Teatro Paulo Autran.

As vacas não reencarnam



A existência humana serve a propósitos tão sofisticados quanto aos das vacas, dos cães, dos símios, das baratas e das tulipas.

Um filme maravilhoso: O Visitante


Walter, solitário professor universitário, tem 62 anos e já não encontra prazer na vida. Ao viajar a Nova York para uma conferência, encontra o casal Tarek e Zainab, imigrantes sem documentos, morando em seu apartamento. Eles não têm para onde ir, e Walter acaba deixando que fiquem. Para retribuir, o talentoso Tarek ensina Walter a tocar o tambor africano e os dois ficam amigos. Quando a polícia prende o jovem e decide deportá-lo, Walter faz de tudo para ajudá-lo, com uma garra que há muito não sentia. Surge então a mãe de Tarek em busca do filho e um improvável romance tem início.

Comentário: interpretações maravilhosas de Richard Jenkins (indicado ao Oscar pelo papel) e da charmosa atriz palestina Hiam Abbass, que também está ótima em Lemon Tree.
O filme é tocante por sua simplicidade, e ao mesmo tempo nos leva a pensar em algo crucial: o propósito de nossas vidas. O final me fez lembrar de Noites de Cabíria.

Fonte

Crítica do Merten


Trailer

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sugestão de Olímpico de Jesus aos magistrados de São Sebastião do Rio de Janeiro


Se eu fosse um juiz do Rio de Janeiro estaria radiante com as Olimpíadas Cariocas. Explico. Se caísse um processo na minha mesa de um cara que precisa fazer quimioterapia, mas seu tumor está crescendo porque o aparelho do hospital público está quebrado, eu mandaria congelar a grana dos "jogos" para comprar um aparelho novo.
Se um cara precisasse fazer um transplante urgente - a fila não acabaria antes da sua vida -: eu confiscaria a grana dos "jogos" e acabaria com a fila inteira.
Um cara descobriu que há um novo antiretroviral mil vezes melhor que o fornecido pelo SUS, mas o governo não quer pagar? Mandaria sacar a grana na boca do caixa dos "jogos".
Afinal: ÉEeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee do Brasiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiil!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rico ri à toa



O milionário imortal Carlos Heitor Cony, que abocanhou R$ 1 milhão da viúva por se dizer vítima da ditadura brasileira (enquanto famílias de militantes mortos receberam R$ 100 mil), anda rindo à toa.

Em seu programete na CBN, no qual discute "questões latentes" com Heródoto Barbeiro e Artur Xexéo, o imortal profetizou:

- hoje vai ter festa em Copacabana. Se o Rio for escolhido como sede das Olimpíadas, o povo vai beber para comemorar. Se não for, beberá para esquecer.

- todos estão torcendo pelo Rio. Não há um brasileiro que não esteja torcendo pela cidade (eu não estou, imortal!!!).

- o Rio tem problemas de segurança, sim. Mas Chicago já teve Al Capone. Já teve a lei seca.

E há quem diga que dinheiro não traz felicidade...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009



Trailer de Ginger e Fred
Trailer de 8 1/2
No set de 8 1/2

Quem não te conhece que te compre, Marina


"Quando soube da candidatura de Marina Silva fiquei muito feliz. Sou admirador de suas lutas pela AMAzônia mas quando li uma reportagem sobre sua posição, pirei:

Criacionista, admite que Darwin deva ser ensinado nas classes mas juntamente com a BíBlia; contra o aborto e contra as pesquisas com células tronco e em religião não acredita na biodiversidade dos deuses, é monoteísta, evangélica!, causadora junto com outros monoteísmos de tanta guerra e terrorismo no mundo. Religiões que partem da idéia estúpida de que há somente uma verdade, a sua.

Se é para se ensinar a mitologia cristã da origem do homem na Bíblia vamos também fazer os alunos conhecerem os mitos e ritos indígenas, africanos, budistas, da arcaica e riquíssima Grécia, que narram a origem do homem. Como uma ecologista do Amazonas não pode ter percebido a riqueza imensa das religiões de origem Tupy!!!?

Quanto ao aborto, as brasileiras e também os brasileiros tem que ser os donos de seu próprio corpo. O Estado não tem que se meter. Isto é nazismo.

Nós precisamos nos desenvolver nesta maravilha que são as pesquisas sobre as células tronco. É sintoma de maior atraso, que pensei ser defendido somente por idiotas como Bush, e caí de quatro quando uma defensora da vida declara esta posição."

Trecho de artigo de José Celso Martinez Corrêa

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Universo paralelo 2: Bairro Demetria


Localizado a 10 km da cidade de Botucatu, SP, o Bairro Demétria surgiu a partir do trabalho de agricultura biodinâmica iniciado na Estância Demétria em 1974.
Atualmente abriga diversas iniciativas relacionadas com agricultura biodinâmica, agricultura orgânica, artes e educação.


"Eu quero ir, minha gente, eu não sou daqui
Eu não tenho nada, quero ver Irene rir
Quero ver Irene dar sua risada
Quero ver Irene dar sua risada
Irene ri, Irene ri, Irene
Irene ri, Irene ri, Irene
Quero ver Irene dar sua risada"

Universo Paralelo: Tecnologia conecta aldeias


A vida está mudando na aldeia indígena Itapoã, em Olivença, Ilhéus, sul da Bahia. Por lá, a rede de deitar se somou à rede virtual. E, no lugar do arco e flecha, mouse e PC.
Mas eles não param por aí. Enquanto aguardam o orelhão que ainda não chegou à comunidade, fazem filmes com celulares. Munidos de 60 telefones móveis, notebooks e minimodens, quase uma centena de indígenas tupinambás e de mais 24 etnias em 12 Estados brasileiros já produziram mais de 200 filmes. A maioria, curtas-metragens, com duração que varia entre três e dez minutos.
A produção robusta -toda ela elaborada em 2009- é resultado do projeto Celulares Indígenas, iniciativa da rede Índios Online (www.indiosonline.org.br), portal colaborativo que facilita a comunicação e o acesso à informação de dezenas de etnias na internet.
A onda tecnológica que toma conta da aldeia tupinambá em Ilhéus vai receber em breve um reforço extra. No próximo dia 26, a comunidade inaugura o espaço que se tornará a base das produções e experimentações dos indígenas com novas tecnologias e mídias. O nome dado ao lugar, não por acaso, é Ciberoca.
Para os indígenas, a construção do novo espaço representa um avanço importante no tipo de uso que eles fazem das tecnologias. "Com novos recursos, teremos mais condições de reivindicarmos melhorias para nosso povo", afirma Alex Tupinambá, coordenador da rede Índios Online. O entusiasmo começa a avançar também para fora da aldeia tupinambá.
Na mesma semana, um telecentro com mais de dez computadores começa a funcionar em uma comunidade indígena localizada em São José da Vitória, uma das regiões mais pobres do país. Vizinho de Ilhéus, o município tem um dos menores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, segundo dados de 2000 do Atlas de Desenvolvimento Humano, do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Protesto na rede leva a mudanças reais


"Internet é melhor que a televisão. Enquanto uma dá autonomia e liberdade, a outra impõe, aliena". É assim que Yakuy Tupinambá define a tecnologia, responsável por uma série de melhorias nas aldeias a que chegou.
É o caso de um posto de saúde na aldeia Brejo dos Padres, dos índios pankararu, em Pernambuco. Há tempos o lugar encontrava-se sem atendimento por falta de profissionais e infraestrutura. "Medicamentos eram estocados em área imprópria, médicos quando apareciam não podiam atender por causa da falta de condições do prédio, acabou ficando abandonado", conta Alex Pankararu.
Foi por meio da internet que a comunidade conseguiu mudar a situação. "Colocamos várias matérias no site", lembra Pankararu. "Já havíamos reclamado diversas vezes à Funasa (Fundação Nacional de Saúde), mas não recebíamos resposta". Depois que foram parar na internet texto e imagens denunciando a infraestrutura decadente do lugar, a solução veio.
Na aldeia tupinambá, o uso da internet tem o respaldo de uma importante entusiasta, a cacique Maria Valdelici de Amaral, ou Jamopoty -seu nome indígena-, que representa 5.000 índios tupinambás de três aldeias em Ilhéus. Ela diz que nem se aproxima muito do computador, mas que está de olho no que circula na rede. "Fico atenta a tudo que interesse à comunidade".
Yakuy Tupinambá conta que teve seu primeiro contato com a internet há apenas quatro anos, com a rede Índios Online. Ela participou das primeiras oficinas do projeto e, desde então, não largou mais o computador e abraçou o ativismo na rede. Ela se define hoje uma "ciberativista".
"Por meio da rede colaboro para que meu povo tenha uma vida digna, que seja respeitado". Com a internet, a rede está avançando. "Falamos com aldeias de todas as regiões do Brasil e com indígenas da América da Sul, da Europa, dos EUA e da Nova Zelândia."
A rede Índios Online participou em agosto deste ano do evento Ciclo Era Digital, promovido pela USP, sobre tecnologia e inclusão social. Ao lado de nomes como Pierre Lévy, Yakuy falou sobre as experiências com o mundo digital.
O otimismo de Yakuy é oportuno, afinal, problemas para resolver não faltam. Na aldeia de Ilhéus, a construção de um núcleo educacional com duas salas de aula só saiu depois de muita reclamação na internet. De acordo com Yakuy, tudo esbarra na questão fundiária. A área em que a aldeia está localizada ainda não é considerada território indígena. O longo processo de demarcação de terras ainda está no início e a previsão é de turbulências.
"Fazendeiros e o setor de hotéis são contrários, e o clima está cada vez mais tenso", conta Yakuy. Há quem acredite que o novo imbróglio fundiário ganhe proporção semelhante ao caso da área Raposa/ Serra do Sol, em Roraima, em que uma decisão favorável à demarcação deu início a uma tensa disputa entre grupos indígenas e agricultores que ocupavam a região.

Fonte

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Galos, noites e quintais



Belchior

Quando eu não tinha o olhar lacrimoso
Que hoje eu trago e tenho
Quando adoçava o meu pranto e o meu sono
No bagaço de cana de engenho
Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus
Fazendo eu mesmo o meu caminho
Por entre as fileiras do milho verde que ondeiam
Com saudades do verde marinho
Eu era alegre como um rio
Um bicho, um bando de pardais
Como um galo, quando havia
Quando havia galos, noites e quintais
Mas veio o tempo negro e a força fez
Comigo o mal que a força sempre faz
Não sou feliz, mas não sou mudo
Hoje eu canto muito mais


Que inveja do rapaz latino americanoamericano...
Pra que tanta tecnologia se estamos cada vez mais solitários? Alô, alô, Marciano!


Mais letras de Belchior:
Alucinação
À Palo Seco
Conheço o meu lugar
Divina Comédia Humana

domingo, 2 de agosto de 2009

Deixem Jesus em paz

Por Juca Kfouri

Está ficando a cada dia mais insuportável o proselitismo religioso que invadiu o futebol brasileiro

MEU PAI , na primeira vez em que me ouviu dizer que eu era ateu, me disse para mudar o discurso e dizer que eu era agnóstico: "Você não tem cultura para se dizer ateu", sentenciou.

Confesso que fiquei meio sem entender.

Até que, nem faz muito tempo, pude ler "Em que Creem os que Não Creem", uma troca de cartas entre Umberto Eco e o cardeal Martini, de Milão, livro editado no Brasil pela editora Record.

De fato, o velho tinha razão, motivo pelo qual, ele mesmo, incomparavelmente mais culto, se dissesse agnóstico, embora fosse ateu.

Pois o embate entre Eco e Martini, principalmente pelos argumentos do brilhante cardeal milanês, não é coisa para qualquer um, tamanha a profundidade filosófica e teológica do religioso.

Dele entendi, se tanto, uns 10%. E olhe lá.

Eco, não menos brilhante, é mais fácil de entender em seu ateísmo.

Até então, me bastava com o pensador marxista, também italiano, Antonio Gramsci, que evoluiu da clássica visão que tratava a religião como ópio do povo para vê-la inclusive com características revolucionárias, razão pela qual pregava a tolerância, a compreensão, principalmente com o catolicismo.

E negar o papel de resistência e de vanguarda de setores religiosos durante a ditadura brasileira equivaleria a um crime de falso testemunho, o que me levou, à época, a andar próximo da Igreja, sem deixar de fazer pequenas provocações, com todo respeito.

Respeito que preservo, apesar de, e com o perdão por tamanha digressão, me pareça pecado usar o nome em vão de quem nada tem a ver com futebol, coisa que, se bem me lembro de minhas aulas de catecismo, está no segundo mandamento das leis de Deus.

E como o santo nome anda sendo usado em vão por jogadores da seleção brasileira, de Kaká ao capitão Lúcio, passando por pretendentes a ela, como o goleiro Fábio, do Cruzeiro, e chegando aos apenas chatos, como Roberto Brum.

Ninguém, rigorosamente ninguém, mesmo que seja evangélico, protestante, católico, muçulmano, judeu, budista ou o que for, deveria fazer merchan religioso em jogos de futebol nem usar camisetas de propaganda demagógicas e até em inglês, além de repetir ameaças sobre o fogo eterno e baboseiras semelhantes.

Como as da enlouquecida pastora casada com Kaká, uma mocinha fanática, fundamentalista ou esperta demais para tentar nos convencer que foi Deus quem pôs dinheiro no Real Madrid para contratar seu jovem marido em plena crise mundial.

Ora, há limites para tudo.

É um tal de jogador comemorar gol olhando e apontando para o céu como se tivesse alguém lá em cima responsável pela façanha, um despropósito, por exemplo, com os goleiros evangélicos, que deveriam olhar também para o alto e fazer um gesto obsceno a cada gol que levassem de seus irmãos...

Ora bolas!

Que cada um faça o que bem entender de suas crenças nos locais apropriados para tal, mas não queiram impingi-las nossas goelas abaixo, porque fazê-lo é uma invasão inadmissível e irritante.

Não é mesmo à toa que Deus prefere os ateus...

Depois de uma avalanche de mensagens iradas dos fanáticos religiosos, Juca retomou o assunto:

Jesus é uma farsa!

Como reagiriam aqueles que defendem o merchan religioso nos gramados se alguém vestisse a camiseta acima?

IMPRESSIONANTE como muita gente lê o que quer e não o que está escrito.
Fora, é claro, o preocupante analfabetismo funcional e a conhecida demagogia dos que pegam uma caroninha em tudo.
Houve quem visse tentativa do colunista em cercear a liberdade religiosa na coluna passada. Desafia-se aqui quem quer que seja a demonstrar uma vírgula sequer neste sentido.
Reclamou-se, isso sim, da chateação que o proselitismo religioso causa em quem quer apenas ver um jogo de futebol, ao mesmo tempo em que se defendeu que cada um se manifeste como quiser nos locais apropriados.
Houve também quem não se lembrasse de ter lido aqui manifestações contra atletas que fazem propaganda de cerveja.
Para esses só resta indicar memoriol, porque não só são criticados os esportistas que fazem propagandas do gênero como, também, quem usa espaço esportivo para tal, seja ou não jogador.
E não me venha ninguém dizer que os tais atletas de Cristo são bons exemplos neste mundo de pecadores, pois basta olhar para Marcelinho Carioca e ver que as coisas não são bem assim.
E que fique claro que o colunista gosta, muito, de cerveja, assim como inveja os que creem, porque deve ser uma boa muleta para suportar as agruras da vida e para alimentar a esperança da compensação de uma vida eterna.
Posso garantir, no entanto, que nem mesmo nos momentos limites que já vivi apelei a alguma força superior que me salvasse. E não foi para ser intelectualmente coerente.
Mas chega a ser divertido ver um político que tem crescido feito rabo de cavalo, para baixo, conhecido por sua homofobia, sinônimo de preconceito, querer dar lição de moral, como um obscuro ex-deputado federal, hoje apenas vereador, que buscou alguns votinhos adicionais ao entrar na polêmica.
Polêmica que rendeu coisa de 120 mensagens eletrônicas de leitores desta Folha para minha caixa postal, surpreendentemente a favor da coluna, coisa de 80%, embora índice compreensivelmente menor de aprovação do que nos quase 500 comentários no blog.
E aí é motivo de satisfação constatar que só a esmagadora minoria não é capaz de entender a ironia da frase "Deus prefere os ateus", usada no fecho da coluna.
Aos que pediram que a coluna se limite ao futebol, um aviso: não há nenhuma atividade humana que não possa ser relacionada ao futebol, razão pela qual o espaço seguirá sendo preenchido desse jeito.
Finalmente, uma ponderação óbvia: deixar o campo de futebol para que nele se dispute só o jogo acaba por proteger os fundamentalistas de algum herege que vista uma camiseta com os dizeres do título desta coluna, ali escritos apenas à guisa de provocação.
Já imaginou?
Seria uma delícia ver a reação dos que brandiram até a Constituição, que garante a liberdade religiosa, como se o colunista tivesse agredido seus princípios.

Fonte

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Quereres - Caetano Veloso

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rockÂ’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Camilices: Entender o feminino



A manutenção dos belos cachos da Camila é uma tarefa hercúlea, que exige muito creme e movimentos vigorosos com o pente.
Invariavelmente ela reclama, e no domingo foi taxativa:
- Papai, pode deixar que eu vou pentear meu cabelo sozinha!
Concordei, mas certo de que ela não daria conta da tarefa.
Para minha surpresa, nos primeiros movimentos ela demonstrou desenvoltura e minutos depois, com movimentos delicados, havia domado a vasta cabeleira.
Ainda surpreso, comentei:
- Filha, você fez um ótimo trabalho!
- É que você é homem, papai. E os homens precisam entender o feminino. Ou melhor, o "fecriança".
Acho que ela tem razão...

Bizarro, grotesco

Escola na África protege albinos de serem mortos e vendidos por até US$ 4.000

Nyiabe Hamisi, 14, diz que vive duplamente escondido na Tanzânia.
Primeiro, porque ele é albino e tem que afastar sua pele sem pigmentação do sol africano.
Segundo, porque mora no internato Mitindo, que é cercado por arame farpado e vigiado por dois guardas, dia e noite.
A segurança não é para impedir os alunos de gazetear aula, e sim para evitar que morram.
É que, no país, o cadáver de um albino vale até US$ 4.000 (cerca de R$ 7.600) -a renda média anual lá é de US$ 300.
Sangue, pés, mãos, cabelos e genitais de albinos são usados em poções mágicas que trazem sorte, reza uma crença antiga.
Para banir a tradição, o governo cassou a autorização de prática de todos os feiticeiros.
Mas a medida não foi eficaz: nos últimos dois anos, 60 albinos foram mortos, em números oficiais. Metade deles, teens.
Para protegê-los, a escola, construída em 1967 para 40 alunos cegos, virou um refúgio para albinos menores de idade.
Atualmente, são 101 albinos e mais 42 deficientes no casarão. A superlotação obriga que cada cama sirva a três alunos, diz Lacchius Solemon, professor da escola e intérprete na conversa entre Nyiabe e o Folhateen.
"Sinto-me caçado todo o tempo", diz o garoto, que viu sua irmã, também albina, ser assassinada por bandidos em sua vila, antes de ir para o colégio.
"Para ajudar de longe, temos de assinar uma petição para pressionar o governo local", diz Peter Ash, da ONG Under the Same Sun (Sob o Mesmo Sol), que luta pelo fim da prática vil. Para assinar, acesse: underthesamesun.com

Fonte

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Projeto resgata samba paulista em 12 discos


Figura Lendária do samba paulistano, Toniquinho Batuqueiro compôs sambas e atuou em escolas como Rosas de Ouro e Unidos do Peruche. Aos 80 anos, lança seu primeiro disco solo.


Por alguma perversidade histórica, quase sempre que se refere ao samba feito em São Paulo, palavras como "túmulo", "injustiçado", "obscuro" ou "desprezado" vêm enganchadas na mesma frase. Na melhor das hipóteses, fala-se em "resistência" ou "resgate".
A série "Memória do Samba Paulista" trata desse segundo caso. Em 12 CDs -quatro deles já nas lojas (veja quadro), os outros a ser lançados em duas levas, no ano que vem-, registra material inédito ou pouco conhecido de compositores paulistas ligados aos primórdios do gênero, antes de o formato carioca dominar a cena por aqui. Dedicados ao compositor Toniquinho Batuqueiro, à Velha Guarda da Unidos do Peruche e aos grupos Embaixada do Samba Paulistano e Tias do Samba Paulista, os quatro primeiros CDs ganham, a partir de hoje, seus respectivos shows no Sesc Santana.
O músico Renato Dias, 38, que concebeu o projeto junto com T. Kaçula e Guga Stroeter, lembra que, originalmente, a manifestação do samba paulista não tem a ver com escolas de samba, mas com os cordões carnavalescos.
"Na década de 60, por uma fragilidade de quem estava no comando, copiou-se o modelo do Rio", diz. "Foi Faria Lima, um prefeito carioca que governou São Paulo a partir de 1965, que determinou que só investiria no nosso carnaval se ele imitasse o do Rio de Janeiro." Dias integra o Kolombolo Diá Piratinga, grêmio recreativo que se dedica, desde 2002, a preservar a cultura tradicional do samba paulista.

Urgência
O projeto dos CDs começou a ser gravado em 2005, menos de seis meses após a primeira reunião de seus idealizadores. Foi bancado pela ONG Sambatá, da qual Stroeter é presidente. "Era urgente. Esses compositores já estão em idade avançada e não dava tempo de pensar em Lei Rouanet ou projetos que precisassem ser aprovados", diz Dias. "Mesmo com essa pressa, perdemos grandes nomes durante o processo, como Mestre Feijoada, Dona Zefinha, Hélio Bagunça, Valter Cardoso, Denise Camargo e Xangô da Vila Maria."
Denise Camargo chegou a gravar seu álbum para a série. Xangô da Vila Maria, não. Morreu duas semanas depois de selecionar o repertório daquele que seria seu disco de estreia, aos 85 anos. As canções do artista estarão no CD dedicado à Velha Guarda da Vila Maria, sua escola do coração.
Os próximos volumes da série são dedicados aos veteranos Tio Mário da Santa Maria, Ideval Anselmo e Zelão, Denise Camargo, João Borba e às velhas guardas das escolas Rosas de Ouro, Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai e Unidos de Vila Maria. "Todos os discos já estão gravados", diz Dias. "Somos a Motown do samba paulista."

MEMÓRIA DO SAMBA PAULISTA

Quando: de hoje a sáb., às 21h; dom., às 19h30
Onde: Sesc Santana (av. Luiz Dumont Villares, 579, tel. 0/xx/11/2971-8700)
Quanto: R$ 4 a R$ 16
Classificação: 12 anos

Fonte

quarta-feira, 22 de julho de 2009

"Um país se faz com homens e livros" - M. Lobato

Vida de inseto

No último sábado (18/07) a Mosca publicou um "editorial" tão suíno quanto a gripe, nitidamente ditado pela febraban, defendendo a tese de que os bancos quebrarão - ou repassarão a conta para a viúva - se tiverem de restituir o dinheiro tungado dos poupadores nos planos econômicos.

O "editorial" da Mosca foi publicado uma semana depois de outra manobra grotesca dos bancos - felizmente inócua. Aproveitando-se das férias do STJ, a turma da febraban tentou jogar a decisão acerca da liminar que deixaria os poupadores - que aguardam há 20 anos - a ver navios no colo de Gilmar Mendes, certos que que contariam com a compreensão do magnânimo presidente do Supremo.

Gilmar negou a liminar, e os camaradas banqueiros voltaram a trabalhar via assessoria de imprensa. A Mosca foi a primeira a pousar no excremento, como era de se esperar. ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ!



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No domingo(19/7)a Mosca, a serviço de outros patrocinadores, emplacou outra bizarrice, com direito a chamada na capa. Segundo o jornalão, o H1N1 fará um estrago três vezes maior que o causado pela devastadora Gripe Espanhola. ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ!

Gripe pode afetar até 67 milhões de brasileiros em oito semanas

HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A pandemia de gripe provocada pela nova variante do vírus A H1N1 poderá atingir entre 35 milhões e 67 milhões de brasileiros ao longo das próximas cinco a oito semanas. De 3 milhões a 16 milhões desenvolverão algum tipo de complicação a exigir tratamento médico e entre 205 mil e 4,4 milhões precisarão ser hospitalizados.
Esses cenários estão na terceira versão do documento "Plano Brasileiro de Preparação para uma Pandemia de Influenza", publicado em abril de 2006 pelo Ministério da Saúde. Trata-se de um modelo matemático estático criado por epidemiologistas com base no perfil de pandemias anteriores.

Leia a íntegra da "Guerra dos Mundos" da Mosca

terça-feira, 21 de julho de 2009

Versos Íntimos - Augusto dos Anjos (Para a companheira Beth)


Arte: Tide Hellmeister

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão —esta pantera—
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

+ Glauber Rocha - O enterro de Di Cavalcanti

+ Glauber Rocha - O enterro de Di Cavalcanti (Parte 2)