domingo, 31 de janeiro de 2010

Documentário: O homem que engarrafava nuvens (ou "Em nome do pai")



"O homem que engarrafava nuvens" é anunciado como um documentário de Lirio Ferreira sobre o advogado e compositor Humberto Teixeira, autor de mais de 400 canções - dentre elas "Asa Branca" e inúmeros sucessos imortalizados na voz do parceiro Luiz Gonzaga.

De fato, o filme presta um merecido tributo à memória de Teixeira, ofuscada pela força de Gonzagão, que catalizou todas as glórias resultantes da exitosa parceria. Mas mais do que isso,o documentário é um cortante ajuste de contas da filha de Teixeira, a atriz Denise Dummont, com o pai.

Musa dos anos 80, Denise - também produtora do filme - é o fio condutor do documentário. Revirando arquivos e entrevistando personagens que acompanharam o apogeu de Teixeira, Denise procura assegurar que o pai saia das sombras, sendo colocado no mesmo patamar do "Rei do Baião". Ao mesmo tempo em que demonstra orgulho, a atriz tenta conhecer o homem que a criou após sua mãe ter pedido a separação e partido para os Estados Unidos ao lado de um novo amor.

O olhar de Denise é o grande diferencial do documentário de Lirio Ferreira, que consegue fugir do modelo convencional em que o protagonista é idealizado e suas imperfeições são empurradas para debaixo do tapete.


No "Zoom", da TV Cultura, Denise (que adotou o sobrenome Dummont quando o pai a proibiu de utilizar o sobrenome da família se seguisse a carreira artística) fala sobre o documentário.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Criador e criatura gozam da nossa cara



Enquanto a população - sobretudo da periferia - se sacode para sobreviver às enchentes diárias, Gilberto do Demo e seu criador, o tucano José, apostam todas as suas fichas na propaganda.

Plano de emergência não há. Verba para abrigar as milhares de pessoas que perderam o pouco que tinham, também não há. Mas as emissoras de rádio e tv repetem exaustivamente as propagandas de demos e tucanos, que tentam convencer os incautos de que São Paulo é o paraíso e que estamos todos bem.

Gilberto do demo tem levado vaias aqui e ali. O tucano José tem se abrigado nas sombras - o que é compatível com sua natureza vampiresca. Adoraria que algum "desequilibrado" quebrasse a cara dos dois com uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes - o Berlusconi pensará duas vezes antes de debochar do eleitorado italiano.

Como tais "desequilibrados" parecem não fazer parte da fauna de Pindorama, que tal se o Ministério Público ou quem de direito acabasse com o deboche da dupla dinâmica e barrasse a veiculação das ofensivas propagandas?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Os diferentões



No início dos anos 80 Eduardo Suplicy chegou ao horário político com uma tartaruguinha e uma ampulheta. Pretendia mostrar, como entoava o jingle de sua campanha, que era "diferente de tudo que está aí".

No caso do senador, o objetivo foi cumprido. Três décadas depois, ninguém -situacionista ou oposicionista - duvida que Suplicy é mesmo diferentão. Muitos chegam a dizer que comprariam um carro usado do senador, visto como uma espécie de "café com leite" no tão nefasto cenário político.

Muitos tentaram trilhar o mesmo caminho. A grande maioria utiliza os poucos minutos do horário político para tentar emplacar um bordão engraçadinho e passar uma mensagem muito objetiva: basta das velhas raposas! Vote em mim se quiser renovar o jeito de fazer política no Brasil.

Dentre os chamados "renovadores", há dois grandes grupos: os debochados, que esperam conquistar o chamado "voto de protesto", e os que se levam a sério. Sobre a primeira categoria nem vale a pena falar. Já a segunda, abriga de tempos em tempos figuras no mínimo intrigantes.

Os "renovadores que se levam a sério" costumam se achar realmente diferentões. Não se enquadram nos padrões sociais vigentes, são transgressores, criaturas a frente do seu tempo. São mais sensíveis, mais engajados. E são honestos, acima de qualquer suspeita. Entraram na política por simples abnegação.

Dentre eles, destacam-se Fernando Gabeira e Soninha Francine. Ambos são jornalistas e envergam a bandeira do momento: salvemos o planeta! Gabeira está na estrada há bastante tempo. Foi militante de esquerda e até há bem pouco tempo parecia não ter grandes pretensões políticas, exercendo dignamente vários mandatos como deputado. Soninha trocou há alguns anos as páginas de esportes de um jornalão e a MTV pela vereança na desvairada.

Mas ambos andam cada vez menos diferentões. Gabeira tentou tornar-se alcaide da cidade maravilhosa costurando alianças no mínimo exóticas.Perdeu por muito pouco. Soninha tentou a prefeitura da desvairada e não deu nem para o começo. Mas nenhum dos dois ficou de mãos abanando. Gabeira aprofunda as tenebrosas alianças e está cotadíssimo para abocanhar o Palácio da Guanabara. Soninha aliou-se a Kassab - criatura abominável inventada por Serra - e pendurou-se na subprefeitura da Lapa, onde faz um trabalho digno de seu padrinho, que diz que o caos que assolou São Paulo é de responsabilidade de São Pedro.

Gabeira e Soninha orgulham-se de trocar seus carros por bicicletas - duvido que Soninha tenha conseguido fazer isso nas últimas semanas. Mas o que mais há de diferente nos dois?

Suplicy ganhou de Paulo Francis o cruel apelido de "mogadon", famoso psicotrópico. De fato o nobre senador muitas vezes parece ter descido de uma nave espacial. No governo Lula, tem se calado e feito ouvidos moucos diante de situações que exigiam posicionamentos firmes - acho mesmo que ele deveria ter deixado o PT quando o fizeram Plinío de Arruda Sampaio, Chico de Oliveira e tantos outros.

Mas quando olho para criaturas como Gabeira e Soninha, chego à conclusão que o "mogadon" é o único diferentão que ainda merece respeito.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

São, São Paulo, meu amor - só para lembrar

É o Benedito!


Livro novo do grande Mouzar Benedito saindo do forno: Meneghetti
o gato dos telhados. Na nova obra Mouzar, grande contador de causos, apresenta as peripécias de Gino Amleto Meneghetti, um dos mais encantadores gatunos da desvairada.

Trecho:

Meneghetti era isso: uma lenda, até então viva. Seu nome virou sinônimo de ladrão em boa parte do Brasil. Na minha infância no sul de Minas, por exemplo, eu me lembro que, para xingar alguém de ladrão, chamava-se a pessoa de Meneghetti ou de Sete Dedos. Eram os ladrões mais famosos da história de São Paulo. Os dois chegaram a conviver na prisão, numa das passagens de Meneghetti. Sete Dedos era um mulato bem falante, que tinha mesmo apenas sete dedos. Era famoso também. Mas aqui na Pauliceia, embora Meneghetti e Sete Dedos fossem sinônimos de ladrão, os dois xingamentos tinham sentidos diferentes. Chamar alguém de Sete Dedos equivalia a xingá-lo de ladrão. Mas de Meneghetti era diferente. Era ladrão, mas não um ladrão ruim. Era esperto, humano, adepto da não violência, anarquista, contestador da sociedade capitalista, da burguesia e da aristocracia... Enfim, um herói popular. Um sujeito que fazia com a burguesia o que muita gente tinha vontade de fazer: roubá-la e gozá-la. O mesmo em relação à polícia, que ele provocava pelos jornais. Era uma polícia violenta e extremamente preconceituosa contra imigrantes pobres, como a maioria dos italianos. Meneghetti, enfim, “era isso”, “era aquilo”... Parecia uma figura da literatura, resultado da imaginação de um escritor policial e incorporado ao imaginário popular.

Mais informações

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Os pretos, os pobres e as pedras

Estudo publicado em 2005 na revista do MIT deixa claro: as chamadas "catástrofes naturais" afetam muito mais os países pobres. No documento, intitulado "The Death Roll from Natural Disasters: the Role of Income, Geography, and Institutions" (a lista da morte por desastres naturais: o papel da renda, da geografia e das instituições), Matthew Kahn apresenta números impressionantes.

Entre 1980 e 2002 (o arco temporal do estudo), a Índia teve 14 grandes terremotos. Morreram 32.117 pessoas. No mesmo período, os Estados Unidos tiveram 18 grandes terremotos. Morreram 143 pessoas.

Iguais conclusões são extensíveis aos 4.300 desastres naturais do período em análise e às suas 815.077 vítimas. Observando e comparando 73 países (pobres, médios e ricos), a conclusão de Kahn é arrepiante: os grandes desastres naturais distribuem-se equitativamente pelo globo. O que não se distribui equitativamente é o número de mortos: países com um PIB per capita de US$ 2.000 apresentam uma média de 944 mortos por ano. Países com um PIB per capita de US$ 14 mil, uma média de 180 mortes.

Moral da história? Se uma nação de 100 milhões de pessoas consegue subir o seu PIB de US$ 2.000 para US$ 14 mil, isso resulta numa diminuição de 764 vítimas por ano.

No Haiti, um terremoto com 7,1 graus na escala Richter trouxe devastação inimaginável e dezenas de milhares de mortos. Em 1989, um terremoto com 7,1 graus na escala Richter provocou 67 vítimas nos EUA. Nenhum espanto: os EUA não têm um PIB per capita de US$ 1.400 e não foram governados por "Papa Docs", "Baby Docs" e outros torcionários para quem o destino do seu povo era indiferente desde que a rapina pudesse continuar.

Fonte

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Record pooooooooooooooooode, PHA?


De modo geral, eu, o Paulo Henrique Amorim, o Azenha e o Rodrigo Vianna não toleramos os mesmos canalhas. É fácil detestar Daniel Dantas, Serra, Gilmar Mendes e outros tantos cagalhões da República de Pindorama. Também não gosto da hegemonia da Rede Globo e da atuação tendenciosa e imbecilizante da emissora.

Mas calma lá. Em que a Record é melhor? Como podem enxergá-la como alternativa à supremacia dos Marinho?

A emissora que mais cresce no país foi comprada por um estelionatário que, às custas da ignorância de milhões, enche sacos de dinheiro - livre de impostos - que engordam seu patrimônio pessoal e alavancam o crescimento estratosférico de seu império de comunicação.

E o "bispo" da Record não é o único. Há dezenas deles, que ao contrário de seus antecessores, que durante séculos venderam lotes no céu, cativam os fiéis com a promessa de prosperidade real e imediata. Dinheiro e poder. Carro novo e casa bacana. Como diz a "bispa" Sônia, "Jesus é quentinho" e quer ver você se dar bem aqui e agora. Já que não dá para garantir a vida eterna, vamos gozar agora mesmo!

Não dá para concorrer com esse tipo de 171. Se nas últimas décadas fomos reféns das velhas raposas, dos coronéis de Dias Gomes, agora estamos à mercê dos profetas do "edonismo em nome de Jesus".

A Globo é um dos cânceres do país - que saudade do velho Briza! Mas no seu período mais sombrio, PHA trabalhou lá. Azenha trabalhou lá. Rodrigo também. PHA vive dizendo que o jogo é assim mesmo: enquanto você trabalha em um lugar, tem de seguir as regras. Mas depois que sai, pode - e deve - mostrar a podridão de seus bastidores. O que é isso, companheiro?

De fato é enriquecedor conhecer os podres que imaginamos existir narrados por quem conheceu a coisa no dia a dia. O que não dá é para ouvir os podres da Globo contados por alguém que recobre com o manto da invisibilidade os podres tão ou mais aberrantes de seu novo empregador. Paulo Henrique, que como eu não gosta do Gilmar, do Dantas e do Serra, "entrevistou" e ajudou a escrever a biografia do "bispo" Macedo! Paulo Henrique, Rodrigo, Azenha e tantos outros, emprestam sua credibilidade para o projeto nefasto do "bispo" da IURD.

Chega do monopólio da Globo, mas não sejamos hipócritas. E fiquemos de olhos bem abertos: Deus está morto, mas o poder dos que se beneficiam em seu nome é incalculável.

José, o çábio ex-ministro da saúde



E lula é que vive sendo chamado de analfabeto. O empedernido josé é mesmo um energúmeno - adjetivo que zé da Móoca adora utilizar para se referir a seus desafetos

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Judeu, homossexual, deficiente físico... e preconceituoso



O CCC (ex-CCC não existe, não é mesmo?) boris casoy, do alto da escala social, mostrou sua verdadeira face para incautos que, como meus pais, o consideram sinônimo de credibilidade. No dia seguinte, tia bóris pediu desculpas, como qualquer canalha faz quando flagrado. Só esqueceu de utilizar seu surrado bordão: isso é uma vergonha!

A estupidez humana é mesmo ilimitada. Como alguém que pertence a tantas minorias (é judeu, homossexual e deficiente físico) consegue ruminar um preconceito tão absurdo?