domingo, 28 de fevereiro de 2010

DVD: Loki - Arnaldo Baptista

As pessoas podem ou não sobreviver. A mágoa, dura para sempre.
A maior delas talvez seja não entender porque as pessoas não te entendem.



A cinebiografia de Arnaldo Baptista, fundador dos Mutantes, tem sua narrativa costurada por depoimentos emocionantes do artista, que durante as gravações pinta um quadro emblemático. Embalado por músicas que marcaram época, o filme revela a trajetória de um dos maiores nomes do rock brasileiro.



Trailer do filme

Porviroscópio: "1" cancela anúncios

2029- Pequim
Após comprar o Google,a Microsoft e a Coca Cola, tornando-se a detentora de todas as corporações do mundo, a "1" anunciou a suspensão da publicidade em todos os meios de comunicação.
"Como somos proprietários de todas as empresas, não precisaremos mais de anúncios", disse John Aron Tsung, presidente da "1".

Miriam Leitão não foi encontrada para comentar a notícia.

Singela homenagem a um dos mais fascinantes visionários de Pindorama.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

100 anos de Adoniran



Adoniran, que completaria 100 anos em 2010, por Baptistão.

Adoniran e Elis - 1978

Invictus resgata as utopias



Três motivos para assistir:

- Nelson Mandela é seguramente um dos mais impressionantes personagens contemporâneos. Sua saga contra a segregação racial na África do Sul nos leva a pensar que as utopias ainda têm lugar no mundo dos vencedores.

- Clint Eastwood conseguiu levar às telas um filme tocante, sem truques e afetações - e talvez por isso venha sendo chamado de piegas pela crítica empedernida.

- Não é possível imaginar outro ator no papel de Mandela. Morgan Freeman está impecável.

CRÍTICA DE NEUSA BARBOSA, DO CINEWEB

Quando lançou a autobiografia "Longo Caminho para a Liberdade", nos anos 1990, o líder sul-africano Nelson Mandela foi questionado sobre quem gostaria de ver fazendo o seu papel no cinema. A resposta foi rápida: "Morgan Freeman". Quase 20 anos depois, esse desejo foi atendido.



Tanto Freeman quanto Eastwood pensaram, a princípio, em adaptar a própria autobiografia do líder para o cinema. Mas deram-se conta de que o extenso material renderia um filme ou minissérie de muitas horas.

Eastwood encontrou então o livro "Playing the Enemy", de John Carlin, que focaliza um momento particular na conciliação da África do Sul pós-apartheid: a realização da Copa Mundial de Rúgbi, que o país venceu, contra todos os prognósticos. A vitória serviu como elemento de união nacional.

Em fevereiro de 1990, Mandela (Freeman) acabara de sair da prisão, depois de 27 anos. Quatro anos depois, foi eleito o primeiro presidente negro da história de um país onde, por décadas, a maioria negra não tinha quaisquer direitos políticos, sociais e econômicos. Por conta disso, há uma enorme tensão na África do Sul. Do lado dos negros, devido à ânsia de ocupar seu espaço e, em alguns setores, de buscar vingança. Do lado dos brancos, ainda a elite econômica e cultural da nação, medo e desconfiança, quando não alguma tentativa de boicote ao novo governo.


Mostrando sabedoria política exemplar, Mandela sabe que terá de satisfazer aos dois lados e conquistá-los. Uma oportunidade se apresenta com a Copa Mundial de Rúgbi. Esporte branco por excelência, o rúgbi é desprezado pela maioria negra, que torce ostensivamente por todo e qualquer adversário do time nacional nas competições. Para piorar, a seleção nacional também não apresenta um desempenho dos melhores.

O presidente Mandela enxerga aí uma chance única. Assim, abre uma vaga na sua apertadíssima agenda para receber o capitão do time de rúgbi, François Pienaar (Matt Damon, de "O Desinformante"), o primeiro que ele ganha para a grande causa de vencer a Copa Mundial - uma tarefa que, neste momento, parece simplesmente impossível.

A atitude do presidente confunde não só Pienaar, prestigiado membro da elite branca, como seus próprios colaboradores negros. Nenhum dos lados entende o alcance deste esforço. Alguns consideram simplesmente ridículo que o presidente se ocupe de um assunto esportivo num momento em que o país se debate com um dramático déficit de investimentos, além da precariedade da infraestrutura, dos transportes, da saúde e da educação.

A inteligência cinematográfica de Eastwood, um diretor que vive uma maturidade criativa excepcional, às vésperas de completar 80 anos (em maio), torna atraente todo este esforço, mesmo para plateias que desconheçam o rúgbi e a política sul-africana. Quando se apresentam os jogos, o filme enfatiza o seu aspecto de disputa de vida ou morte - um detalhe com o qual qualquer fã de esporte coletivo identifica à primeira vista. Assim, não é preciso entender as regras do rúgbi, muito menos gostar do esporte, para acompanhar a história e envolver-se com a enorme batalha protagonizada por Mandela, fora do campo, e Pienaar, dentro dele.

Ao explorar as tensões de um país desigual e dividido social, cultural e racialmente, colocando em primeiro plano o esforço de um líder conciliador e visionário, "Invictus" cria paralelos com diversas outras situações e países, em vários momentos da História.